Por Carlos Faccina
Em recente visita ao Guiné Equatorial com o presidente Lula, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a ampliação da relação comercial entre o Brasil e aquele país, acusado de graves violações dos direitos humanos, sob argumento de que “negócios são negócios”.
A afirmação revela uma forma de ver o mundo corporativo, que, ao longo do tempo, tornou-se um espelho da prática dos “homens de negócio”. Ela considera que para obter um bom resultado comercial, há espaço para atropelar alguns valores éticos e direitos mais básicos, colocados assim num segundo plano.
Ou seja, o mundo dos negócios não é regido por esses pilares comportamentais que ensinamos para nossos filhos quando pequenos. Na hora do “negócio”, o esperto é aquele que vende mais e fatura mais, independente das condições em que se realiza a operação.
Muitos desses executivos batem a mão no peito e discursam os valores organizacionais até o exato ponto em que a linha cruza a barreira do azul e cai no vermelho. Aí eles se desculpam e afirmam: “agora eu preciso vender!” (até para salvar a cabeça sobre o pescoço).
É certo que muita coisa mudou, e a prática da boa governança corporativa é base para o sucesso das organizações. Mas é sempre bom fazer barulho quando um chanceler considera uma “pregação moralista” fazer qualquer questionamento que envolva direitos humanos e bons negócios.