Por Augusto Gaspar
Atingimos um ponto de onde não há mais como retornar: você já se deu conta de quanto sua vida e seu trabalho mudaram nos últimos anos? É difícil imaginar uma atividade profissional que não dependa de algum artefato tecnológico. De simples telefones e calculadoras a complexos computadores e equipamentos, nossa vida e nosso trabalho estão intimamente ligados a algum tipo de máquina. O interessante é que a mesma tecnologia que nos ajuda, que nos acelera, que nos diverte e nos possibilita trabalhar a qualquer hora e de qualquer lugar, também pode nos controlar e nos ameaçar, como uma Esfinge recheada de chips que fica repetindo “Decifra-me ou devoro-te”, até a bateria acabar.
Decifrar a tecnologia significa entender e aprender a aplicar as novas soluções e ferramentas disponíveis para melhorar seu trabalho e sua vida. Saber usar a tecnologia é um diferencial competitivo. Ser devorado é muito mais fácil! Basta ignorar as mudanças.
Para nós, profissionais de gestão de pessoas, a tecnologia abre novas possibilidades de atuação a cada dia, inspirando novas formas de fazer o que sempre fizemos, trazendo sentido às idéias e gerando inovações. Com a tecnologia é mais fácil disseminar as estratégias, aproximando e engajando as pessoas. A tecnologia quebra barreiras geográficas, organizacionais ou culturais, superando diferenças e minimizando as limitações físicas. Cabe a nós apoiar e incentivar o uso da tecnologia em nossas organizações, expandindo limites para alcançar o que há pouco não se imaginava. Essa expansão inclui e traz valor.
Mas nem tudo são flores! Novos desafios surgem no horizonte: a crescente “virtualização” das operações nas organizações, por exemplo, se não for devidamente tratada pelos gestores de pessoas, pode provocar um efeito inverso à inclusão e ao engajamento, acarretando em profissionais isolados e desconectados das estratégias da empresa.
Outro efeito que o uso mal dosado de recursos tecnológicos pode causar é o rompimento da fronteira entre o tempo de vida pessoal e de trabalho, paradoxalmente reduzindo o tempo disponível das pessoas, em vez de ampliá-lo, como esperado. A busca sem medida por redução de custos, substituindo excessivamente pessoas por sistemas automatizados, pode criar soluções impessoais ao extremo, minando os negócios da empresa em um ponto-chave: o relacionamento com seus clientes.
Existe uma linha fina entre a boa utilização de tecnologia e aquela que poderá representar ameaças. O ponto ideal depende de vários fatores, incluindo os culturais. As organizações nunca devem esquecer-se da experiência e do bom senso de seus gestores de pessoas, trazendo o devido equilíbrio para os processos de implementação de novos recursos tecnológicos. Lembre-se: Decifre para que você e sua organização não sejam devorados!
*Diretor de projetos da Gestech Consultoria Empresarial, membro do comitê de criação do CONARH 2008 e da Comissão Avaliadora do Prêmio e-Learning Brasil