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Talento é raro ou comum?

Por Carlos Faccina
Quando falamos ou pensamos na palavra talento, temos a ideia de genialidade, algo exclusivo de poucos eleitos e além de nossos limites. Quase como castas. Isso se deve ao fenômeno de transposição para o nosso dia-a-dia desse autoengano. Significa que idealizamos uma visão de mundo e passamos a acreditar nela, com as suas naturais conseqüências. Daí a falsa conclusão de que talento é coisa de gênio, uma raridade que anda distante do meu cotidiano pessoal e profissional.

Como a questão do talento é importante para o nosso tema de carreira? Como esse autoengano influência nossas possibilidades de sucesso?

Temos uma mau costume de transformar pessoas em mitos. O rótulo de talento carrega essa carga simbólica. Se consideramos o conceito de que talento é raro e transpira genialidade, nos afastamos cada vez mais da ideia de que, independentemente da formação, gênero, raça, credo e criação, podemos ter talento.

Ao definir talento como uma ou mais habilidades que faço e reproduzo sempre de forma inteligente, prática e útil, dou início ao processo de desmistificar o conceito de talento. Portanto, cada um de nós é portador de um ou de vários talentos. Descobri-los e explorá-los em seu benefício é o desafio que deve ser superado. Nesse sentido, talento não é raro e nem significa genialidade. Ele está sob a nossa mira e é mais comum do que parece.

Numa empresa de 1.000 pessoas, todos têm talento? E numa empresa de 10.000, ou 60.000? Eu digo que sim.

Independentemente do número de pessoas, o conceito de talento aqui definido envolve a idéia de que todos podem. Contudo, as empresas não consideram esse universo como uma equipe de talentos e atuam reproduzindo essa forma de pensar. Por que? Porque trabalham com essa definição errada (cuidado, talvez você também esteja reforçando esse conceito de raridade). O conceito de que todos têm talento não está suficientemente provado, porém, praticar essa visão é difícil e requer muita observação pessoal.

É mais confortável para a gestão corporativa trabalhar com a idéia de “lista de talentos”,”banco de talentos”, “grupo de potenciais”, ou coisas do tipo, reduzindo a inteligência da empresa a poucos e privilegiados colaboradores eleitos sabe-se lá com qual critério. Posso afirmar que entrar na lista é uma glória. O pior é saber que o nome foi retirado.

A ciência prova que somos portadores de talento, mas as empresas estabelecem parâmetros subjetivos que separam os eleitos em grupos insignificantes.

É o tipo de questão que não tem resposta imediata, mas que serve de alerta para você empreender seu próprio processo de auto-conhecimento. Livre-se dessas mistificações e defina: quais são os seus talentos? Isso vai ajudá-lo a crescer profissionalmente.

Muitas empresas começam a sair do mundo restrito do talento, observando o que chamo de “capacidade de inteligência instalada” na organização. É lógico, sempre existirão graduações e responsabilidades distintas, mas o acesso está mais ligado às oportunidades de educação e formação do que ao talento como uma benção dos céus.

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