O Serratec (Parque Tecnológico da Região Serrana/RJ) e a Rede RS 4.0 (iniciativa gaúcha voltada à Indústria 4.0) apresentaram dois caminhos complementares para acelerar a transformação digital: formar pessoas e conectar ecossistemas.
No case do Serratec, Thaís Ferreira descreve a Residência em TIC como um programa de qualificação imersivo, gratuito e desenhado pelo mercado, com foco em empregabilidade e impacto social. Desde 2019, o programa já formou mais de 1.600 profissionais e registra cerca de 50% de empregabilidade imediata após a conclusão (métrica conservadora). A iniciativa combina trilhas técnicas — como full stack, dados e IA, cibersegurança, infraestrutura/redes e gestão ágil — com projetos reais trazidos por empresas parceiras ao final do ciclo. Além do conteúdo técnico, entram soft skills, mentoria de carreira, apoio psicossocial e inglês aplicado, além de ações afirmativas (mulheres, pessoas negras, PcD e egressos de escola pública). Entre as lições aprendidas, aparecem práticas de execução: avaliação continuada (feedbacks de alunos, docentes e empresas), seleção por perfil/potencial (sem exigir experiência prévia), preocupação com acessibilidade e a garantia de infraestrutura mínima (inclusive com empréstimo de equipamentos e suporte de internet, quando necessário). O Serratec também cita um impacto econômico estimado em mais de R$ 58 milhões na região via salários ao longo do tempo.
Já a Rede RS 4.0 parte de outro problema: empresas sabem que “precisam” de Indústria 4.0, mas não sabem qual tecnologia buscar nem com quem implementar. A resposta foi criar uma rede de governança com múltiplos atores (empresas, universidades, sistema S, governo e entidades) e uma proposta central de conexão entre demandantes e fornecedores. As práticas destacadas incluem um demonstrador de tecnologias habilitadoras para tornar o tema “palpável”, painéis tecnológicos para educar e instigar discussões, curadoria/chancela de fornecedores e formação de coalizões entre empresas para entregar soluções mais completas.
Em conjunto, Serratec e Rede RS 4.0 mostram que transformação digital escala quando há talentos prontos e um ecossistema que reduz atrito entre demanda e oferta.


