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RH é coisa de rico? (Parte 2)

Por Augusto Gaspar

RH vive em crise há pelo menos 20 anos! Foi com essa frase que terminamos o artigo da semana passada, no qual tratamos das questões de RH e os apertos financeiros, quando os investimentos em desenvolvimento de pessoas são cortados e as estratégias e teorias caem por terra. 

Porque 20 anos? No final da década de 80, alguns gurus diziam que a área de RH deveria se tornar estratégica e ganhar um papel de maior relevância nas organizações. Ao mesmo tempo, outros defendiam que RH era uma função de todos os gestores da organização, e não deveria nem existir uma área dedicada a isso. Mas qual lado estava certo? Os dois ou nenhum? O certo é que algumas organizações levaram muito a sério essas idéias de acabar com RH e o fizeram. Outras, ao contrário, permitiram que a área se desenvolvesse e pudesse sobreviver à chegada do novo século, e em muitos casos com grandes evoluções. Do final dos anos 90 até hoje, pudemos acompanhar um amadurecimento de muitos conceitos, e vimos surgir um RH mais atuante e “mão na massa”, indo à luta e com menos medo de mudanças e de tecnologia.

E a tal da crise da área? Pois é, mesmo com essas evoluções, com todo esse amadurecimento e tal, na hora em que a coisa aperta a área de RH sofre as conseqüências, e não raro é a primeira da fila nos cortes orçamentários. Sem querer generalizar, mesmo porque usualmente generalizações são burras e limitantes, é fato que o grande (e clássico) problema está na incapacidade da área mostrar seus resultados de uma forma objetiva, minimamente quantificada. Simples como isso: se não sabemos quanto geramos de contribuição de caixa e só apontamos despesas fica muito complicado convencer qualquer um que saiba somar 2 mais 2 que é melhor não por mais dinheiro aí, até estar sobrando algum de novo. 

E esse processo ainda tem um efeito colateral perverso, que é a falta de perspectiva em longo prazo, impedindo que a área faça um planejamento que vá muito além de alguns meses. Como planejar a implantação disto ou daquilo se não sabemos o que vai acontecer e nem até quando teremos verba? Daí muitos optam por fazer o óbvio, o de sempre. Nem pensam em mudar nada, porque uma nova situação difícil pode estar logo ali, atrás da porta, e poderá nos pegar desavisados. Agora me digam, isso é ou não é viver em crise? 

Mas tem muita gente na contramão dessa história aí, conseguindo manter um padrão de evolução da área considerável. E sem muito alarde. Volta e meia encontramos casos assim, alguns em congressos, outros em revistas, e outros até ao vivo e em cores. Não são todos iguais, mas a maioria conseguiu o respeito da organização pelo seu trabalho, provando de formas distintas a importância daquilo que fazem. Nem todos conseguem mostrar números, mas pelo menos conseguem uma boa coletânea de fatos. Mostram o que fizeram, e principalmente traçam cenários para onde se quer ir, e a importância de sua atuação para que isto de certo. Ajuda muito se houver um bom suporte tecnológico, para avaliar os fatos e possibilitar ensaios, com precisão e velocidade. Não há uma receita de bolo e cada empresa tem seu tempo e seus fatores culturais, que podem ajudar ou dificultar a área de RH a se mover e sair dessa tal de crise. E você, já parou para pensar para que lado está indo? 


(*) Augusto Gaspar é Diretor da unidade de Professional Services da MicroPower e coordenador da coluna “Desenvolvendo Talentos” da revista eletrônica. Comentários e contribuições podem ser enviados para augusto.gaspar@micropower.com.br.

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