Por Carlos Faccina
Tenho destacado aqui em nosso contato a importância de avaliar aspectos emocionais que envolvem o comportamento humano e como eles orientam a arte da gestão empresarial. Neste ambiente, as fórmulas matemáticas de desenvolvimento gerencial, assim como sistemas formais de plano de carreira e avaliação de desempenho são modelos que não respondem mais às demandas mais essenciais de recursos humanos para garantir o crescimento na empresa. Basicamente, estão suportadas por fórmulas básicas de sucesso que incoerentes com os dados revelados por estudos mais recentes no campo da genética, sociobiologia, psicologia cognitiva e neurociência.
Em meu livro “O Novo Profissional Competitivo – Mais Razão, Emoção e Sentimento na Gestão” (Editora Campus), destaco que “emoções, sentimentos, prazer, dor e racionalidade, componentes da razão crítica, são fatores que funcionam como contraponto para melhor apreender a mente humana e são absolutamente relevantes para os resultados”.
Fácil de falar, mas difícil de entender?
Pois bem, com muita felicidade li a matéria de capa da edição 626, de 17 de maio, da Revista Época. Com o título “Cabeça ou Coração – Novas pesquisas revelam o que é mais importante na hora de decidir”, a reportagem traz para nossa realidade cotidiana a importância de avaliar todos os elementos que nos cercam (às vezes, inusitados) para tomar a melhor decisão.
No prefácio do meu livro, Eduardo Giannetti coloca mais luz sobre a questão: “A empresa é parte de um todo. As grandes questões da vida prática não respeitam fronteiras acadêmicas e arranjos burocráticos do saber. Não existe ingrediente secreto ou fórmula universal responsável pelo sucesso das melhores empresas. Nenhuma técnica gerencial ou plano ou política de governo fará de um negócio um sucesso. Isso só pode ser feito pelas pessoas. Mas para que as pessoas deem de fato o melhor de si – para que vivam à altura de seu potencial produtivo e criativo -, o saber técnico e o ‘calculismo’ não bastam. É preciso que elas estejam integralmente engajadas – intelectualmente e afetivamente – naquilo que fazem; é preciso que se forme um relacionamento saudável e cordial entre os que trabalham juntos: um sentimento de que todos, não importando seu nível hierárquico, compartilhem do mesmo destino”.
Mais à frente, no mesmo texto: “É possível ser puramente racional como uma máquina. Mas quando se trabalha e interage com seres humanos – com pessoas dotadas de razão e emoção, sonhos e sensibilidade -, algumas vezes a lógica fria tem que dar lugar à compreensão”.