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Quais são as causas dessa juventude?

Por Carlos Faccina
O que é que te motiva? Qual é sua motivação? O que te move? Quais são suas causas, considerando o conjunto de ideias e princípios que você se propõe a defender? São coletivas ou individuais?

As manifestações recentes na Universidade de São Paulo misturaram ilegalidade com falta de liberdade supostamente prejudicada com a presença da Polícia Militar no campus.

Em tempos de economia brasileira descolocada, em parte, da locomotiva fora do trilho da economia mundial, e com emprego em alta e crescimento moderado (mas crescendo), a mobilização de jovens brasileiros não se pode comparar exatamente a movimentos semelhantes realizados por jovens na época da ditadura militar (nas décadas de 60 e 70), nem mesmo ao que se viu nas caras pintadas da década de 90. O que podemos ver entre os jovens em Wall Street e em países europeus, além dos que dão forma à Primavera Árabe, é o reflexo direto de um momento crítico social, político e econômico, que também não encontra sintonia com o registrado na capital paulista.

No Brasil, ainda assim, não faltam boas causas para protestar, principalmente com a corrupção que lava de nossos cofres os recursos fundamentais para saúde, segurança, educação e infraestrutura. Sem encontrar eco entre os políticos eleitos, esses motivos ainda não tiveram poder de arrastar multidões, basta ver o relato da baixa repercussão dos movimentos apartidários convocados pelas redes sociais no feriado de 15 de novembro.

A juventude é o combustível de transformação de um país.

Nela ferve a indignação saudável e contestadora dos paradigmas estabelecidos. É o grito que pode falar em nome da maioria, ou mesmo de minorias da sociedade. Nesse berço, nascem as alternativas e visões novas que vão direcionar o desenvolvimento da nação. Mas o que vemos recentemente pareceu ser mais a defesa de interesses individuais e de territórios livres das leis que regem a vida dos demais cidadãos.

Essa geração vai alimentar nossas empresas e nosso futuro.

Cabe perguntar se nossas empresas também estão sem causas, pensando nos resultados de curto prazo e eticamente “flexíveis” frente às necessidades emergentes dos negócios (leia O que você entende por responsabilidade social?). Oportunidades são vistas sob o ângulo de oportunistas. Ao mesmo tempo, a equipe carrega pedras ao invés de construir a catedrais.

Mas a esperança também pode ser encontrada no noticiário.

O tenente Disraeli Gomes e o cabo Souza, policiais do Batalhão de Choque do Rio de Janeiro, nos deram um bom exemplo da importância de ter boas causas para representar valores maiores ligados a honra. Eles prenderam o chefe do tráfico da Rocinha, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, mesmo sob a tentação de trocar o dever por muitas notas de dinheiro.

Foram exemplo em vários jornais, numa sociedade que se surprende por alguém não pensar em si exclusivamente.

Curioso também o resultado das eleições para o Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília, como revelado no artigo “Excelência versus ideologia”, de Carlos Alberto Di Franco, publicado em O Estado de São Paulo, em 14 de novembro. Uma nova geração de estudantes mobilizou lideranças e atraiu votos ao defender melhorias concretas na estrutura da universidade, incentivo a parcerias com fundações privadas, melhoria na qualidade do ensino e no desempenho acadêmico.

O grupo elegeu como prioridade a luta por assistência estudantil e o incentivo à pesquisa e ao empreeendedorismo, ressaltando a união com entidades privadas. Para provar que não são ligados a partidos, apresentaram certidões do Tribunal Superior Eleitoral provando a não-vinculação dos integrantes (leia mais em “Novo DCE toma posse com auditório lotado”).

A lamentar a ausência de 25 mil votos na eleição do DCE de estudantes que não viram nesse processo nenhuma causa.

Como já escrevi no post Educação para ver, ética para sobreviver, uma carreira completa é feita por profissionais com uma visão mais ampla de mundo. Um mundo que não é segmentado, mas integrado. Um mundo de pessoas realizadas e felizes. Este é um bom caminho a seguir, que pressupõe etapas a serem cumpridas.

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