Por Carlos Faccina
Quando um novo modelo de carro é lançado trazendo recursos inovadores, os mesmos veículos dos anos anteriores se desvalorizam automaticamente. Apesar das novíssimas carreiras X, Y e Z (…), o mesmo não acontece quando avaliamos um modelo profissional experiente . Tempo de rodagem pode conta a favor na hora de desviar de um buraco ou de encontrar um atalho.
O prazo de validade de uma carreira perturba os profissionais em vários estágios, seja no começo, seja nos momentos derradeiros. Sempre nos sentimos prontos para começar e nunca reconhecemos a hora de parar (será que existe esse momento?).
Nossa idade pode ser um empecilho para a carreira. Isso ocorre nas duas pontas clássicas da faixa etária: entre 20 e 25 anos, quando jovens e considerados inexperientes, embora com uma boa formação, e a partir dos 55.
Atualmente o auge da carreira se estabelece na faixa entre 35 e 45 anos. Normalmente encontramos esses profissionais ocupando postos chave nas organizações. Basta atentar para as idades dos CEOs e dos executivos da primeira linha.
Ao fazer uma autoanálise sobre sua carreira, uma dessas questões pode estar lhe ocorrendo agora em diferentes faixas etárias:
•Se tenho até 25 anos, como eu me posiciono bem no mercado de trabalho? (Leia A estratégia de carreira pré-emprego);
•Se tenho entre 25 e 35 anos, como eu dirijo minha carreira para ocupar um posto chave?
•Se tenho entre 35 e 45 anos, como eu me mantenho em ascensão, ou por que eu não cheguei lá?
Aqui há um ponto de inflexão. Dependendo da sua resposta, outra pergunta surge: o que eu preciso mudar para voltar a mirar meu objetivo mais ambicioso?
•Se tenho entre 45 e 55 anos, como eu me mantenho competitivo aproveitando o máximo da minha experiência e dos resultados conquistados?
•Mais de 55 anos: é hora de pensar em desenhar meu plano de pouso?
Como eu sempre insisto aqui, não há receita de bolo. Os parâmetros são apenas referências, não limitadores. Independentemente da sua idade, as oportunidades vão ocorrer se você apresenta os pré-requisitos de boa formação e bom inglês, e características de pró-atividade, capacidade de empreendedorismo e criatividade.
Conheço inúmeros exemplos de jovens talentos que ocupam postos chaves antes dos 30 anos, assim como profissionais que chegaram ao auge com mais de 55 anos.
O desafio é compreender até quando cada cenário se sustenta?
Os dados demográficos confirmam o envelhecimento da população e transformam nossa pirâmide etária em algo mais parecido a um retângulo, com o topo crescendo mais que a base jovem. Isso significa que nos próximos 10 anos uma “revolução” de oportunidades ocorrerá – mesmo para aqueles que hoje já ultrapassaram a casa dos 50.
Certamente nossa nova fotografia demográfica vai registrar uma maior “democratização etária”. As severas exigências do mercado, que impedirão que os baby boomers (nascidos entre 46 e 64) se retirem mais cedo e incluirão mais rapidamente os de 20 a 25 anos.
Se o crescimento do mercado mundial se mantiver no mesmo ritmo, nada de espetacular, e no Brasil no mesmo ritmo de hoje, a procura deverá superar a oferta de pessoal qualificado e, sobretudo, experiente. Exemplo claro disso é que os Conselhos de Administração estão dando preferência aos “velinhos”, visto a sua maior rodagem do que aos “jovens” ousados, mas pouco experientes.
E se concluímos com nosso paralelo automobilístico, quando a demanda é maior do que capacidade do mercado de oferecer novos e qualificados profissionais, reconhecemos em outros posts (Mais vagas do que candidatos qualificados) que as empresas estão se voltando ao que consideravam equivocadamente profissionais fora de linha (A aposentadoria de Oscar Niemeyer).
Há espaço para todos nessa estrada.
Jovens e idosos – Os mais jovens e os mais idosos foram os profissionais mais procurados para trabalhar no ano passado, conforme informação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Leia mais em: MTE: remuneração não subiu em 4 setores em 2010
Como anda a convivência entre a geração Y, os jovens nascidos entre 1979 e 1999, e os profissionais mais velhos? A julgar por uma pesquisa da consultoria Robert Half, vai muito bem. Os integrantes da geração X, nascidos entre 1965 e 1978, e os baby boomers, de 1946 a 1964, compreenderam o que os jovens priorizam e têm a mesma opinião sobre vários assuntos. Mas algumas questões ainda interferem, como a linguagem e o conceito de produtividade. “Os jovens ainda acham que os mais velhos são acomodados”, diz Fernando Mantovani, diretor da Robert Half.