Por Carlos Faccina
Cada vez mais, as empresas demandam advogados com uma formação eclética, não limitada ao aspecto da lei, mas, e principalmente, ampliada ao que ele pode fazer pelo resultado organizacional. A grande e nobre missão desses profissionais em suas carreiras será compor negócio e lei de modo a resguardar a ética e a jurisprudência ao mesmo tempo em que o negócio se desenvolve. Essa foi a principal conclusão que tirei de recente entrevista realizada com o Professor Doutor José de Areilza, diretor da IE-Business School de Madrid, na Espanha.
Desenvolvemos uma boa conversa sobre o que uma escola de excelência esta ensinando, indicando e desenvolvendo na formação dos que se dispõem a fazer um dos mais conceituados MBA’s do mundo. O Professor é responsável pelo curso de Direito daquela renomada instituição de ensino.
As atividades jurídicas nas empresas, pelas suas características, são, na essência, conservadoras. Segundo o Professor Areilza, em futuro próximo, as empresas demandarão um homem de negócios jurídicos e não um orientador sobre aplicação de leis. É claro que conflitos ocorrem e deverão se acentuar, visto que a estruturas legais não acompanham a dinâmica dos negócios. Os códigos jurídicos são produtos de séculos, ao passo que os negócios evoluem a cada dia.
O Professor Areilza destaca a importância da formação de um jurista de negócios, que tenha um sólido conhecimento técnico (para representação dos legítimos interesses da empresa), mas combinada com uma preparação multidisciplinar de igual porte.
Uma fórmula que pressupõe uma ampla capacidade de análise, senso crítico e de argumentação e profunda capacidade de leitura de cenários presente e futuro do ambiente de negócios.
Os advogados já buscam especializações em markting, vendas, logística, finanças e recursos humanos. Guardiões técnicos em sua especialidade, serão capazes de compreender, assim, toda a cadeia de valor que faz parte do negócio.
Falamos de um advogado com excelência técnica, mas ciente da necessidade de desenvolver uma visão “marketeira” e “vendedora”, compreendendo como o mundo das leis pode interferir no resultado e na imagem das empresas.
Alguns escritórios de advocacia têm-se antecipado a esse movimento e procuram dar um apoio integral ao cliente, o que significa um recado para as nossas escolas sobre as alterações que se fazem necessárias para a formação de juristas de negócio.
Um exemplo disso é a Bherig Advogados, que ao mesmo tempo que presta todo ao apoio nas áreas de propriedade intelectual, procura dar ao cliente uma consultoria sobre o que significa a proteção da marca, da patente ou do processo para o negócio do cliente e seu resultado operacional.
Moral da história: se a IE Business School esta preocupada com a formação de um advogado de negócios, com uma sólida formação multidisciplinar, é porque não estamos diante de um modismo, mas de algo que veio para ficar.