Por: Sidnei Silvestre

Ter reconhecimento e receber elogios de suas ações é uma massagem no ego e o desejo de qualquer ser vivo. Mas, da mesma forma que a diferença entre o remédio e o veneno é apenas a quantidade de miligramas, existem algumas frases, mesmo que inconscientes que, ao invés de um afago trazem uma carga de preconceitos que estão impregnados na sociedade em relação às habilidades de pessoas com deficiência e que podem causar mal-estar ou constrangimentos desnecessários em uma conversa.

Se trata do capacitismo, que é um termo relativamente novo e consiste no ato de entender que a pessoa com deficiência é inferior, e o simples fato dela executar tarefas corriqueiras a torna uma espécie de super herói e inspiração para que pessoas sem deficiência sintam-se privilegiadas em teoricamente ter uma chamada “vida normal”.

São expressões que podem ser pejorativas e demonstram o sentimento de dó ou piedade, colocando a deficiência em primeiro plano, sendo que, a deficiência é apenas uma característica da pessoa, entre todas as outras que ela possui, e que a faz experimentar o mundo de uma forma diferente, mas isso não coloca de forma alguma quem não tem deficiência em um patamar superior. 

Vejamos algumas destas frases que devemos riscar do nosso vocabulário visto que, podem causar danos incalculáveis ao nosso redor sem que percebamos, tanto naquelas pessoas que ainda estão no processo de adaptação e aceitação da sua própria condição, quanto nas que ouvem aleatoriamente sem a oportunidade de convivência.

– “Não enxerga, mas vê com o coração”;

– “Mesmo sendo assim, ainda é feliz”;

– “Tem gente que é normal e não faz o que você faz”;

– “Deve ser tão difícil ter essa deficiência e eu aqui reclamando da minha vida. Você é um guerreiro (a)”;

– “Dar uma de João sem braço”;

– “Mesmo sendo deficiente, você é tão inteligente”;

– “O pior cego é aquele que não quer ver”;

– “Achei que você era normal”;

– “Em terra de cego, quem tem olho é Rei”;

– “Tao bonito! Mas tem esta deficiência”;

– “A desculpa do aleijado é a muleta”.

Só lembrando que, de acordo com o grau de liberdade que você tenha com algum deficiente, estes termos podem ser piada, mas não quer dizer que porque algumas pessoas não se incomodam, outras não possam ficar chateadas.

Existem muitas outras frases, mas em todas elas é fácil perceber que a falta de informação sobre o tema é a principal responsável pela ausência de empatia que praticamos cotidianamente. Se colocar no lugar do outro não é simplesmente achar que eu sei o que ele sente, mas sim, estar disposto a entender o que se passa com a mesma intensidade.

Precisamos trazer estas discussões à tona sempre que possível, para que consigamos reverter esta carência de conhecimento que arrastamos desde muito tempo, até que tenhamos uma sociedade capaz de entender que somos iguais, exatamente porque somos todos diferentes.

AAAH! Tem gente que mesmo sem nenhuma deficiência aparente fez o que você fez!

Sabe o que foi?

Leu todo o texto!! ??

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