No Congresso Brasil Digital 2025, a palestra de Renato Grau trouxe um mergulho profundo em como as tecnologias emergentes estão redesenhando o mundo até 2030 – não como um exercício de futurologia vaga, mas como um convite concreto para enxergar sinais, cenários e oportunidades que já estão em curso.
Multiempreendedor, embaixador e conselheiro do Movimento Brasil Digital para Todos, fundador e host do Trends News e autor da Carta do Especialista com milhares de assinantes, Renato partiu de um ponto simples: em um mundo em transformação acelerada, ignorar tendências é o caminho mais rápido para a irrelevância – profissional, empresarial e até social.
Logo no início, ele resgatou um vídeo de 1974, em que Arthur C. Clarke descreve com precisão a nossa vida conectada atual: computadores pessoais em casa, telas, acesso remoto à informação, trabalho de qualquer lugar do mundo. A mensagem é direta: quem estuda tendências não “adivinha o futuro”; apenas observa sinais com profundidade suficiente para se preparar antes dos outros.
A partir daí, Renato estruturou sua fala em torno de uma pergunta-chave: por que estudar tendências é tão importante?
Primeiro, pelo desenvolvimento pessoal e profissional. Em um contexto de lifelong learning, entender o que está acontecendo no mundo permite escolher melhor o que aprender, como se posicionar e que habilidades desenvolver para continuar relevante. Depois, pelo impacto na sociedade e na cultura: tecnologias mudam comportamentos, valores, relações de trabalho e formas de convivência. Se a sociedade não acompanha essas mudanças de forma consciente, elas acabam nos atropelando.
No campo dos negócios e da economia, ele reforça que não existe inovação competitiva sem leitura de cenário. Empresas que ignoram tendências tornam-se frágeis diante de crises e rupturas. A análise de futuro fortalece a resiliência organizacional, permitindo que líderes se antecipem, se planejem e façam escolhas mais estratégicas, em vez de apenas reagir. Nesse ponto, Renato evoca dois pensamentos marcantes: a ideia de que “o futuro não se espera, o futuro se constrói” e a lógica clássica de Sun Tzu, em A Arte da Guerra, sobre a importância da preparação.
Renato também mostrou que há uma ciência por trás disso: o futurismo, com métodos para mapear sinais fracos e fortes, construir cenários possíveis e orientar decisões de longo prazo. Mesmo quem não é “futurista profissional” pode – e deve – aplicar esse raciocínio à própria vida, carreira e organização.
Em seguida, ele trouxe um diagnóstico do mundo de hoje. A população vive mais, a expectativa de vida cresce e, ao mesmo tempo, muitos países têm taxa de fertilidade abaixo da reposição. Na educação, uma estatística incômoda: boa parte dos jovens estuda para carreiras que podem não existir no futuro, enquanto mais de um terço da população mundial ainda não tem acesso à internet, ampliando o desafio da inclusão digital. No futuro do trabalho, a automação e a inteligência artificial devem expor grande parte dos empregos a algum grau de automatização, com um percentual significativo de funções potencialmente executáveis inteiramente por IA.
No mundo dos negócios, a rotação de empresas entre as maiores do planeta ilustra a velocidade das mudanças: o tempo médio de permanência no índice das 500 maiores caiu drasticamente nas últimas décadas, e a previsão é de que muitas empresas sejam substituídas em um curto espaço de tempo. No meio ambiente, desastres climáticos cresceram, e o próprio avanço da IA cobra um preço em consumo de energia e água, especialmente em grandes data centers. A mensagem é clara: tecnologia é solução, mas também gera novos dilemas que precisam ser enfrentados com responsabilidade.
A partir desse contexto, Renato apresentou as tecnologias emergentes mais impactantes até 2030. No centro de tudo, está a inteligência artificial, que ele compara à nova eletricidade: hoje é manchete, amanhã será invisível, porém onipresente, embutida em tudo. Assistentes virtuais mais inteligentes, proativos e preditivos, cidades mais conectadas, decisões automatizadas, ambientes responsivos – a IA deve atuar na base dessa transformação.
Ele destacou também a computação espacial e a combinação de realidade aumentada, virtual e mista, com aplicações práticas em cirurgias assistidas, gêmeos digitais, educação e experiências imersivas em esportes e entretenimento. A Internet das Coisas (IoT) amplia a coleta de dados em dispositivos pessoais, cidades, agricultura e indústria, reforçando a necessidade de boas arquiteturas de dados para que a IA produza resultados confiáveis.
Renato abordou ainda a Web3 e o blockchain, com a tokenização de ativos, moedas digitais e o debate sobre descentralização e propriedade dos dados; os avanços em energias renováveis e fusão nuclear, com implicações geopolíticas gigantescas; a impressão 3D e novos materiais; a biotecnologia e a edição genética; e a ascensão dos robôs humanoides, levando a inteligência artificial do mundo digital para o mundo físico. Tudo isso, segundo ele, será potencializado pela computação quântica, que tende a acelerar simulações, otimizações e resoluções de problemas que hoje são inviáveis.
Um destaque especial foi dado à saúde, com a chamada “medicina 5.0”: remota, conectada, preventiva, preditiva e personalizada. Pacientes mais informados, uso intensivo de wearables, análise de biomarcadores em tempo real e decisões clínicas suportadas por IA compõem um cenário em que o paciente deixa de ser passivo e passa a ser protagonista.
Ao final, Renato devolve a reflexão ao público: como o seu setor está sendo impactado por tudo isso? Você está estudando tendências? Mapeando sinais? Atuando para liderar ou, pelo menos, influenciar a transformação na sua organização? Amarrando a mensagem, ele lembra a frase de Peter Drucker: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo” – e convida todos a construírem esse futuro juntos, conectando-se ao ecossistema do Trends News e ao Movimento Brasil Digital para Todos, onde essas discussões continuam de forma contínua e colaborativa.


