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O difícil equilíbrio entre resultado e felicidade

Por Carlos Faccina
Estou na Europa a convite de colegas professores principalmente da França. Deparei-me com um tema recorrente ao chegar ao meu destino, Paris, no início da semana passada. Por um lado, depois de uma década de esforços, os profissionais que induziram, ou foram induzidos, a alcançar os dois dígitos de resultados operacionais chegaram de certa forma ao objetivo.

Por outro lado, pesquisas que analisam a felicidade desses profissionais no Brasil e, principalmente, na Europa, indicam que eles não atingiram seus resultados pessoais e não viram seus horizontes de carreira ampliados.

O que fazer para equilibrar vida pessoal (felicidade, prazer, realização, família..) e desempenho profissional (sucesso, status, ascensão, remuneração…)?

Esse é o desafio que se apresenta aos profissionais que analisam atualmente os modelos de gestão.

Não podemos abandonar a trilha que nos leva aos resultados com foco em alta performance. Mas como ficamos todos nós nessa história? Entendo que só há uma forma de equilibrar esse jogo e ela passa obrigatoriamente pela reflexão concreta daquilo que nos leva à felicidade (destacando que ela tem um significado absolutamente individual, é efêmera e se dá em pequenas doses – veja post sobre o tema).

As grandes corporações não foram construídas na última década e não sabem falar do mundo dos sentimentos (leia “Não quero ter razão, quero é ser feliz”). Salvo exceções, a maioria tem mais de cinco décadas de vida (veja um contraponto em “Quer trabalhar no playground da Pixar?”). O modelo baseado em resultados ainda é o que norteia a nossa ação, mas as organizações estão percebendo que o crescimento do desempenho passa necessariamente pela compreensão madura do fator felicidade aplicado ao modelo de gestão.

Como eu sempre gosto de colocar, é fácil de falar, difícil de fazer. Este dificilmente seria o tema da próxima reunião da sua empresa. Não existe resposta automática, nem receita de bolo, mas se a dúvida está na sua cabeça agora já é um bom sinal. Observe o universo que o rodeia e se posicione. Assim como cada vez mais customizamos os produtos para nossos clientes, a carreira deverá destacar aspectos únicos para o indivíduo dentro da realidade dinâmica de cada organização. Estamos construindo agora esta reflexão que foge à imediata capacidade de compreensão num mundo corporativo viciado culturalmente em números, números e números…

Homenagem

Permitam-me homenagear meu ex-chefe Antonio Salgado, que durante 40 anos trabalhou na Nestlé e que faleceu na última quinta-feira. Foi meu orientador, nunca deixou de buscar resultados, mas tinha uma grande virtude: o fazia com equilíbrio, liderava nossas competências naturais e, talvez, sua personalidade seja o modelo que finalmente os estudos que ora se realizam vão acabar por encontrar. Saudades, Antonio, e um grande abraço, do seu eterno aprendiz.

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