Por Francisco Antonio Soeltl
Vivenciando o e-Learning nos últimos 10 anos, observamos que o Aprendizado é um processo contínuo, e não apenas um evento, apesar dos “momentos” em que ele acontece em sala de aula, seja na forma presencial ou virtual. Esses “momentos” são caracterizados pelo que nós costumamos chamar de treinamento nas corporações e ensino nas escolas, os quais contam com a presença de um Instrutor ou Professor para transmitir o conhecimento. 

Também observamos que o papel desses instrutores ou professores, assim como dos líderes nas organizações e nas escolas, vem mudando, pois os colaboradores e alunos, utilizando as tecnologias disponíveis, conseguem acessar o conhecimento através de ferramentas de busca, interagindo em comunidade com especialistas que estejam em qualquer parte do mundo, no momento de suas necessidades ou conveniências, chegando assim ao ambiente de trabalho ou escola muito mais bem preparados e com “demandas” mais formuladas.

Aprendemos ainda que, através das Simulações, podemos “experimentar” formas diferentes de realizar um procedimento sem afetar os resultados esperados, caso aconteça alguma falha na sua execução. São aplicações de tecnologias que já vêm sendo utilizadas há muitos anos, por exemplo, na medicina, no transporte aéreo, com seus simuladores de vôo, e que muitos de nós com certeza já vivenciamos em um parque de diversões na forma presencial, ou por meio de computadores na forma virtual. 

Muitas organizações e escolas já estão “incorporando” tecnologias para apoiar o “passo-a-passo” do processo, orientando dessa forma em tempo de execução o procedimento. São os chamados sistemas de “suporte ao aprendizado e desempenho”. A tecnologia disponível já possibilita que as pessoas vivenciem situações no ambiente que chamamos de “realidade virtual”, e as tecnologias emergentes já nos permitem fazer o mesmo em relação ao que estamos chamando de “realidade expandida”.

Assim, as tecnologias têm propiciado que esses “momentos” de aprendizado aconteçam de forma mais intensa e capilarizada em nossas vidas, sociedade e organizações, promovendo assim a melhoria contínua dos processos e o aperfeiçoamento permanente do desempenho e, por conseguinte, dos produtos/serviços por eles gerados.

Sem dúvida, é nesse contexto impregnado pela aplicação das tecnologias que acontecem os “momentos de aprendizado”, que o conhecimento coletivo é construído, registrado e disponibilizado para acesso no momento de sua necessidade, enfim, é nesse ambiente favorável à prática da criatividade que “germinarão” as inovações.

Mas será que nossos líderes e tutores, como são chamados atualmente os gerentes e professores do passado, perceberam isso? Será que eles têm incentivado para que esses “momentos” aconteçam com a freqüência e a autonomia necessárias? Será que os “silos departamentais” têm permitido que a construção desse conhecimento coletivo e de inovações aconteça de forma natural? Temos incentivado nossos colaboradores e alunos a cooperar mais do que competir entre si?

Os novos talentos que administramos, jovens entre 20 e 30 anos, vivenciaram essas tecnologias antes mesmo de iniciarem seus estudos e suas atividades profissionais. Eles aprenderam que não existem limites para suas aplicações e que não têm os mesmos paradigmas da geração que os antecedeu.

A geração que os sucederá já não saberá mais o que foi o mundo sem elas, e com certeza as tecnologias emergentes já terão sido incorporadas às suas vidas, formando assim pessoas com modelos mentais totalmente diferentes e evoluídos.

Será que nós estamos conscientes disso? E os ambientes em nossas organizações e escolas, será que estão realmente preparados para vivenciar essa nova realidade?

Francisco Antonio Soeltl é fundador e presidente da MicroPower, do Portal e-Learning Brasil e do ITESC, conselheiro da ABRH-SP, ABES, Conselho de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do comitê de criação do CONARH desde 2004.

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