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Milésimos que separam razão e emoção na carreira

Por Carlos Faccina
As Olimpíadas e as práticas esportivas em torneios de alto nível nos oferecem modelos férteis para comparações com ambiente de gestão e desempenho com alta performance. Ao acompanhar esse evento único, podemos tirar dali alguns exemplos a serem aplicados em nosso cotidiano. Gostaria de destacar, em especial, os fatores que compõem a fórmula de sucesso dos atletas campeões:

1. Os atletas que ocupam as fases finais são a elite da elite dos esportes. São frutos de treinamentos exaustivos por anos seguidos chegando ao limite das capacidades físicas daqueles que apresentaram desde a infância habilidades naturais para praticar determinada modalidade;

2. O que separa o vencedor do perdedor nesse ambiente altamente competitivo é a atitude emocional. Podem representar os milésimos a mais ou a menos na linha de chegada;

3. Aquele que recebe a medalha, mesmo em disputas por equipe, é a ponta visível de um processo que envolve muitas pessoas. Ninguém ganha sozinho apesar do campeão ser uma pessoa mais visível. Os talentos compõem uma infraestrutura fortemente especializada que cuida dos equipamentos, alimentação, fisioterapia, massagens e assistência médica. Ninguém atinge o resultado sem esse suporte (muitas vezes o diferencial vem desses detalhes). A realização pode estar na ponta, mas também é muito comemorada na linha;

4. Não é raro ver os atletas oferecerem a conquista para as famílias, muitas vezes sacrificadas nessa fase de preparação. A confiança e o apoio incondicional dos entes mais próximos confere confiança para que o atleta possa oferecer energia completa na hora da competição;

5. Falta de motivação e de foco mental e sentimentos de insegurança (até de medo) e aflição desviam o atleta da medalha de ouro. Uma estratégia bem planejada e executada racionalmente em cada passo é o traçado correto para o sucesso, mas em ambientes altamente competitivos, saber gerenciar as próprias emoções permite transformá-las em um espírito vencedor.

Como aplicar esses ensinamentos na minha carreira?

1. Primeiro é preciso reconhecer que a técnica e o conhecimento são importantes, mas em ambientes altamente competitivos ter uma atitude vencedora faz a diferença;

2. Nenhuma corporação vence sem considerar o papel fundamental que cada um da equipe tem para a composição do resultado final. Perder de vista a gestão do todo é meio caminho para o fracasso;

3. Estar bem significa ter equilíbrio mental. Nesse quesito, é importante reconhecer os fatores que compõem as características humanas que levam á realização e felicidade, destacando que ela tem um significado absolutamente individual, é efêmera e se dá em pequenas doses;

4. As grandes corporações não foram construídas na última década e não sabem falar do mundo dos sentimentos (leia “Não quero ter razão, quero é ser feliz”). Salvo exceções, a maioria tem mais de cinco décadas de vida (veja um contraponto em “Quer trabalhar no playground da Pixar?”). O modelo baseado em resultados ainda é o que norteia a nossa ação, mas as organizações estão percebendo que o crescimento do desempenho passa necessariamente pela compreensão madura do fator felicidade aplicado ao modelo de gestão.

As soluções para conflitos de gestão em mercados complexos, mutantes e permanentemente receptivos a novos competidores não podem ser programadas unicamente de forma racional.

Acredito que a emoção, longe de atrapalhar, pode ser um forte auxiliar na tomada de decisão. Publiquei em 2006, pela Editora Campus, o “Profissional Competitivo: Razão, Emoções e Sentimentos na Gestão”.

Emoção e razão são companheiras para toda a vida. O primeiro sinal que nos move é sempre emocional e aí encontramos a razão como consequência . Sem ela, a emoção, condenamos ao desaparecimento o mais valioso ativo humano, a criatividade.

A estratégia da vitória profissional e pessoal passa pela visão integrada desses fatores.

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