Ao perguntar o que os amigos estavam lendo, invariavelmente diziam: “Nada, não tenho tempo”. Esse é um debate que eu mantinha com meus colegas. Sabemos que o tempo do executivo é escasso, mas as horas da agenda que dedicamos às coisas é diretamente proporcional ao valor que conferimos a elas para nossa vida e para a solução dos problemas que fazem parte do nosso cotidiano.

Se a leitura não entra como prioridade, aparentemente não faz parte dos nossos valores e, consequentemente, não é solução para nossas questões.

Mesmo na escola e na universidade, a leitura é tomada como obrigação e está distante de ser um prazer ou instrumento de satisfação. A outra barreira para a leitura entre os executivos é a dificuldade do texto. Ao sinal da primeira complexidade para compreensão, o texto é abandonado.

Muitos me diziam ter tentado ler meu livro o Novo Profissional Competitivo (Editora Campus), onde analiso os fundamentos da neurociência e da filosofia na tomada de decisão. Mas uma parte afirmava ter abandonado a leitura porque não a “entendia”.

Uma frase de Laurentino Gomes, autor consagrado da trilogia 1808,1822 e 1889, chama a atenção quando diz que “temos que utilizar uma linguagem jornalística no texto (supostamente mais acessível), mas jamais sacrificar o conteúdo para facilitar a linguagem”.

Uma parte essencial dos textos que realmente ajudam na formação do executivo exigem um conhecimento prévio de determinados conteúdos.

Penso que a atitude correta é que diante de uma dificuldade de compreensão, o leitor deve ir atrás dos termos e conceitos que são lacunas, e não abandonar simplesmente a leitura.

Texto também exige dedicação e estudo.

Conteúdos ignorados podem ser essenciais para sua reflexão e vitais para seu trabalho, na tomada de decisão e na solução de problemas.

A acomodação do leitor progride junto com uma indústria de livros constituídos de coletâneas de lugares comuns, de compreensão simplista, mas de utilidade duvidosa para reflexão.

Citar livros de importância para a humanidade virou mais um exercício de quem não os leu do que efetivamente reflexo da familiaridade com essas obras consideradas expressão máxima do pensamento humano.

Vamos brincar de ler. Dos livros a seguir, quais são os que você já leu?

1. A lanterna na popa – memórias, de Roberto de Oliveira Campos
2. Os donos do poder, de Raymundo Faoro
3. Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado
4. História Econômica do Brasil, de Caio Prado Junior
5. Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre
6. Minha Formação, de Joaquim Nabuco
7. Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda
8. Brasil: de Getúlio a Castello (1930-64), de Thomas E. Skidmore
9. Trilogia “1808”, “1822” e “1889”, de Laurentino Gomes
10. Mauá – Empresário do Império, de Jorge Caldeira
11. A Capital da Solidão, de Roberto Pompeu de Toledo

Não interprete a lista acima e seu conhecimento sobre os textos como um teste de sabedoria ou ignorância. Seu distanciamento dessa leitura pode refletir uma lacuna que pode ser rapidamente preenchida. É só começar. A leitura é uma ferramenta de vital importância para seu trabalho, mesmo que aparentemente não tenha relação explícita com o seu dia a dia.

Você também pode gostar