Por Augusto Gaspar
Um objetivo que está na agenda de qualquer executivo é a questão da produtividade, o conhecido “fazer mais com menos”. A constante pressão por redução de custos e obtenção de diferenciais competitivos na geração de produtos e serviços tem, ao longo dos últimos anos, justificado financeiramente a adoção de novas metodologias de trabalho e de modernas tecnologias.
A automação industrial e comercial é um exemplo de tecnologia adotada para reduzir o tempo e eventuais erros nos processos, promovendo o aumento da produtividade pela redução de passos manuais e pela facilitação da circulação de informações, dentro e fora da empresa. É inegável que hoje se trabalha muito mais rápido do que nos anos 80 ou 90, e com isso um número menor de pessoas pode realizar muito mais tarefas, conseqüentemente reduzindo o custo da operação. Podemos então imaginar que em um futuro próximo será possível fazer mais e mais com menos recursos ainda? Tenho minhas dúvidas.
Em processos essencialmente mecanizados o aumento da produtividade pode ser diretamente proporcional ao aumento de passos automatizados do processo, mas quando existe interação humana, isto não é verdade. Nos processos em que existem passos executados por pessoas, não bastam melhorias tecnológicas para termos aumentos de velocidade. E também não estou falando da capacitação destas pessoas, que é essencial para que tirem o melhor proveito da tecnologia utilizada, mas sim de nossa limitação física. Por mais veloz que seja um sistema de automação, sua velocidade será ditada pelos passos executados pelas pessoas. Temos limites na velocidade de leitura, interpretação e escrita, só para citar alguns.
Alguns destes limites talvez possam ser contornados com a divisão dos passos de trabalho entre várias pessoas, mas aí começamos a aumentar o custo, além do que existem atividades que não tem sua velocidade aumentada mesmo que se acrescente mais pessoas para realizá-las. Como dizem os especialistas em processos: “Nove mulheres grávidas não fazem um bebê em um mês”.
O fato é que se ainda não chegamos, em breve chegaremos ao limite da produtividade na geração de produtos e serviços, demarcada pelo limite de resposta das pessoas envolvidas nos processos. Mas quem acha que apenas este empecilho vai acabar com a busca por maiores reduções de custo e eficiência nos processos está enganado. Soluções criativas como a adoção de objetos reutilizáveis, flexibilização dinâmica nas linhas de produção, assistentes digitais com inteligência artificial, novas interfaces homem-máquina e outras, prometem manter a guerra da competitividade em alta. Portanto, podemos não ter muita certeza de como vamos trabalhar no futuro, mas uma coisa é certa: Tudo vai mudar. De novo.
(*) Augusto Gaspar é Diretor da unidade de Professional Services da MicroPower e coordenador da coluna “Desenvolvendo Talentos” desta revista. Comentários e contribuições podem ser enviados para augusto.gaspar@micropower.com.br Twitter: augustofgaspar