Por Carlos Faccina
Líder é uma palavra muito banalizada hoje no mundo corporativo. Aplicada para aqueles que ocupam posições de comando na hierarquia, é ignorada para muitos que exercem a liderança de fato dentro das empresas.
O líder nasce pronto? Ou é desenvolvido ao longo do tempo de vida profissional? São questões amplamente tratadas pela literatura especializada, em cursos e workshops. Todos nós somos atingidos por esses conceitos que pretendem dar a receita para garantir a formação de líderes em sistema contínuo de excelência como num programa de qualidade total.
Particularmente considero essas questões irrelevantes, mas se as considero com tal, qual é minha definição de líder?
Minha procura de 30 anos como profissional de linha e RH me levou considerar líder o profissional que não provoca sofrimento desnecessário. No mundo de acirrada competitividade, exigências de formação sem limite, inexistência de área de conforto, pressão por resultados, informação em tempo real, necessidade de adaptação às novas tecnologias, trânsito infernal e dias que sobram além do salário, líder é o chefe que não cria mais sofrimento além daqueles a que a equipe está submetida diariamente.
Sofrimento desnecessário numa empresa é cobrar além dos limites sem ter uma visão clara de tempo e sem critérios para definir o que é urgente. É oferecer broncas ao invés de orientação, estampar cara feia e irradiar mau humor e arrogância.
Se já temos problemas demais e soluções de menos, não contribui para o espetáculo do resultado um ator como o acima descrito. Esse não é um líder, apesar do organograma o colocar nesse papel.
Esses “líderes” podem ser considerados os “reis do berro”, pois julgam que gritando e falando mais alto dos que os outros serão mais obedecidos, filhos da cultura de que manda quem pode e obedece quem tem juízo.
Evidentemente que somos mais receptivos aos sons melodiosos e é natural a criação de uma barreira mental para esse tipo de postura. Portanto, quanto menos sofrimento causar, melhor é o líder.
Há quem pode acreditar que uma empresa não evolui e o trabalho não anda sem a mão de ferro de seus líderes, antídoto para a leniência e incapacidade dos liderados. Ou de que a pressão é força motriz dos resultados.
A paciência, o lidar respeitoso, a cobrança correta, em tempos corretos, e a distinção clara do que é urgente e do que pode esperar são traços de um líder. Observe a sua volta e detecte os líderes de fato.