Por Augusto Gaspar (*)

Inovação é tema recorrente em palestras, artigos e até nas rodas de discussão de gestores, depois do futebol, é claro. Eu mesmo publiquei nesta coluna há poucos meses um artigo sobre o tema, chamado “O Motor da Inovação”. Então, por mais paradoxal que seja a frase, se “inovação” não é mais novidade, por que voltar ao tema?

O que me motivou a retomar o tema foi a matéria de capa da última revista Melhor – Gestão de Pessoas (ed. 260, julho de 2009). Com o título “Reinventar-se para o futuro”, a matéria faz uma ligação direta entre o potencial criativo da empresa e o investimento em pessoas, citando casos de empresas que investiram em inovação mesmo durante a turbulência financeira mundial, e estão tendo bons resultados graças a isso.

Uma cultura de inovação facilita às empresas achar novos nichos, buscar soluções para problemas que seus concorrentes ainda não enxergaram, atender de forma diferenciada seus consumidores, só para citar alguns exemplos. Assim, fica mais fácil para a empresa inovadora encontrar fontes alternativas de receita que a ajudem a superar uma eventual crise no setor em que opera.

Mas a vontade e a necessidade de tornar uma empresa inovadora são só o primeiro passo de um processo normalmente longo e trabalhoso. A iniciativa tem que vir de cima, senão nada acontece. Mas as pessoas não se tornam criativas e muito menos irão buscar inovações por decreto. Não basta estabelecer que criatividade e inovação são competências essenciais da empresa para que elas se materializem pelos corredores. Não há mágica aí, deve haver planejamento e investimento. As pessoas devem ser chamadas a colaborar e compartilhar suas opiniões, e tanto mais difícil será isso quanto mais restritiva for a cultura da empresa. Então, também podemos dizer que, além de planejamento e investimento em pessoas, será necessário um investimento de tempo para quebrar alguns paradigmas que possam estar minando a criatividade e dificultando o surgimento de soluções inovadoras. E, como em qualquer processo de mudança, as atitudes em linha com a cultura desejada devem ser divulgadas e premiadas, e as que vão na contramão devem ser rapidamente identificadas e tratadas, de forma a possibilitar a transição dos aspectos culturais.

A matéria da revista cita ainda a importância da área de Gestão de Pessoas nas empresas inovadoras, que é mobilizar e motivar pessoas diferentes em direção a um objetivo comum e mantê-las trabalhando juntas, para que cheguem aos resultados. Saber identificar e reconhecer os talentos é outra questão-chave para a Gestão de Pessoas nessas empresas. Os talentos têm que ser colocados onde podem contribuir mais e ajudar na consolidação do conhecimento gerado. Aliás, os processos de gestão do conhecimento são grandes facilitadores da inovação, na medida em que possibilitam captar, armazenar e compartilhar informações que podem ser pedras de construção de novas soluções, gerando uma espiral ascendente de conhecimento e inovação, até que esteja interiorizada e faça parte do DNA da organização.

 (*) Augusto Gaspar é Diretor da unidade de Professional Services da MicroPower e coordenador da coluna “Desenvolvendo Talentos” desta revista. Comentários e contribuições podem ser enviados para augusto.gaspar@micropower.com.br      Twitter: augustofgaspar

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