Muitas pessoas me perguntam como mantenho o bom humor com tantos assuntos importantes e complexos que envolvem a gestão de Recursos Humanos, especialmente em uma grande organização. E como consigo “traduzir” assuntos considerados áridos de forma simples e empática.
Para manter a coerência, pretendo falar desse tema sem as amarras do formalismo. Um bom começo é o que pode nos ensinar Millôr Fernandes ao afirmar que “viver é desenhar sem borracha”, ou seja, aprendemos errando e acertando. Os erros, enganos e deslizes fazem parte da nossa vida, ficam em nossa memória e nos fazem crescer.
Sem dúvida, podemos agir com naturalidade mesmo nas situações mais complicadas. É justamente nessas ocasiões que o bom humor faz a diferença, seja no ambiente de trabalho ou fora dele. Naturalmente, há momentos em que a descontração não cabe; é uma questão de bom senso. O humor não deve, por exemplo, em nenhum contexto, constranger alguém ou ter cunho agressivo ou preconceituoso.
Feita essa importante ressalva, acredito que sorrir proporciona facilidade de expressão, encoraja a espontaneidade, amplia o fluxo das ideias, estimula decisões criativas, aumenta a autoestima e auxilia no aprendizado, além de contribuir para o aumento da produtividade.
Líderes que agem com humor em suas relações se fortalecem frente ao time e exercem seu papel com maior eficiência, alcançando resultados com emoção e prazer. Estudo realizado pela Robert Half, maior empresa de recrutamento especializado do mundo, citado pela revista Forbes, descobriu que mais de 90% dos executivos acreditam que o senso de humor é importante para o avanço na carreira. É, portanto, uma característica que potencializa muitas competências.
É fácil ficar sempre bem-humorado? Para algumas pessoas, é muito fácil; para outras, nem tanto. Cada pessoa tem o seu jeito de interagir e de se comunicar. Eu, por exemplo, quando possível, sempre utilizo expressões metafóricas como recurso para geração de humor. Além de ajudar no entendimento, favorece a retenção da informação.
Recentemente, em uma palestra, falei da crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, além das características da liderança feminina. Para isso, recorri a conceitos, estatísticas e exemplos. O que mais chamou a atenção do público, no entanto, foi a abordagem. Utilizei recursos de imagens e vídeos bem-humorados que, sem palavras, acrescentaram conteúdo e descontraíram as pessoas.
Para finalizar, volto a ressaltar os benefícios de se criar um ambiente saudável e bem-humorado, caminhando junto com o bom senso e com a dosagem apropriada em ambientes empresariais. Por ser um estado de espírito, devemos entender o humor como a ferramenta de leveza que nos impulsiona a alcançar objetivos e resultados.
Glaucimar Peticov é diretora de Estudos de Liderança da ABRH-Brasil e diretora de Recursos Humanos do Bradesco