Por Carlos Faccina
Em tempos de geração X, Y e Z, você é capaz de reconhecer um funcionário superbactéria? Ele passa a maior parte do tempo sem ser percebido, alojado em algum departamento e com atuação aparentemente inofensiva para a organização. Mantém-se por muito tempo desenvolvendo a capacidade de sobreviver aos choques de gestão, processos de reestruturação e cortes de pessoal.
Para ele, carreira é sinônimo de permanência. Não deseja subir, nem crescer. Quer ficar. Não lidera equipes, nem é responsável por atividades que exigem exposição – são excelentes executores. Pela experiência, é importante formador de opinião. Suas posições são muito consideradas pelos colegas. Conhece todas as trilhas da organização.
Com o tempo e a rotina, descobrem como superar os projetos mirabolantes para transformar a empresa rumo ao dito futuro desejado. São resistentes às mudanças, mas podem fazer concessões que garantam sobrevivência.
Passam a representar perigo quando a organização vive uma crise. Os superbactérias contaminam os colegas com ceticismo e descrença com base em fracassos passados. Relembra experiências anteriores malsucedidas. É capaz de se camuflar, parecendo participar das iniciativas, mas, na prática, lidera uma resistência passiva. Diz que vai, mas não aparece. Demonstra comprometimento por um lado e ceticismo, por outro Tem muita capacidade de se adaptar e de mobilizar grupos sem se expor, tornando ineficazes os projetos de gestão.É um pessimista convicto, mas muito sociável em eventos da empresa, porém de gestos contidos e calculados. Também não perderá a chance de lhe jogar na fogueira se for preciso para salvar a própria pele.
Sua força vem da percepção dos naturais buracos que aparecem na fase das transições organizacionais. Descarta o novo e lembra toda a hora das boas coisas do passado. Novos executivos e líderes de projetos corporativos são seus principais alvos. Adora jovens cheios de energia e empolgação, vítimas lentas. Sabe identificar rapidamente os pontos fracos e, simulando apoio, o joga aos leões da cultura organizacional.
A previsão do insucesso o torna uma espécie de vidente das más notícias e novos colegas se juntam a ele buscando previsões futuras e ampliando o exército de superbactérias. Não são imbatíveis, mas ficam cada vez mais resistentes com o passar do tempo. Se comandar um projeto de mudança, não se iluda. Ele não vai ajudá-lo, embora pareça que sim.
Cuidado, você já pode estar infectado sem perceber.