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Erro 404

Por Augusto Gaspar
Não há quem nunca tenha se deparado com um. O implacável erro 404 informa que não encontrou a página ou arquivo que estávamos buscando na Web. Criado para ser uma mensagem amigável e padronizada, o Erro 404 tem uma história interessante: Contam alguns pesquisadores que ele se originou no CERN – Laboratório Europeu de Partículas Físicas em Genebra. No início dos anos 80 quando a Web ainda engatinhava, existia um banco de dados na sala 404 do laboratório gerenciado por estudiosos dos primórdios da computação, que recebiam pedidos de arquivos e os transferiam manualmente para os requisitantes. 

Quando aconteciam erros, eles avisavam: “Room 404 – File Not Found”. Mais tarde, a expressão foi incorporada ao cotidiano da Web pelo seu criador, o físico inglês Tim Berners-Lee. Bem, essa é a versão romântica da coisa. Outros juram que nunca houve uma sala 404 no CERN e que os números 4,0 e 4 são apenas uma seqüência para indicar o tipo de erro, da forma como os matemáticos e físicos que o batizaram gostariam. Eu prefiro a primeira versão da história, é bem mais divertida para contar! E você? 

Na verdade, isso não importa. Acredite ou não, toda essa história e muitas outras estão ameaçadas de sumirem para sempre!

Na edição americana de fevereiro da PC Magazine, o colunista John C. Dvorak publicou um artigo intitulado “Our History: Error 404”, onde nos alerta sobre o que achávamos improvável: o desaparecimento constante de arquivos da rede mundial. “Aqueles que vivem hoje provavelmente serão a primeira geração que corre o risco de perder sua história para a tecnologia digital. E isto já começou”, afirma Dvorak. O colunista cita casos de livros, artigos, programas, revistas e outros trabalhos que simplesmente desapareceram, após sua digitalização. Empresas que se unem, são compradas, fecham… Daí pessoas saem, outros chegam e um belo dia ninguém sabe ao certo o que há naquelas máquinas, e ninguém se preocupa em transferir o acervo para os equipamentos mais modernos. 

Ao contrário dos registros manuscritos ou impressos, que mesmo após o desaparecimento de seus proprietários permanecem vivos por meio de suas cópias espalhadas pelo mundo, os arquivos digitais invariavelmente morrem com seus provedores. Podem existir cópias, mas sua intangibilidade dificulta a organização e preservação. 

Considerando que o volume de conhecimento da humanidade dobra a cada dois ou três anos, estamos diante de uma ameaça aterrorizante. Assim como no passado grandes bibliotecas se organizaram para preservar o que havia de conhecimento no mundo, serão necessárias iniciativas equivalentes para a preservação de nosso acervo digital.

Mas o que realmente deve nos preocupar profissionalmente são nossos projetos de gestão do conhecimento. Todos os esforços para capturar, armazenar, organizar e compartilhar conhecimento não farão sentido se suas bases não forem preservadas. E se a empresa for comprada, se unir a outras ou fechar? O importante é sabermos que este conhecimento armazenado tem muito valor, é parte do Capital Intelectual da empresa e pode ser considerado seu ativo, e inclusive ter um valor atribuído. Isso não resolve a questão, mas ao darmos o devido valor monetário ao conhecimento da empresa ele ficará mais tangível, e de certa forma mais administrável. Assim, nas grandes mudanças da empresa, as bases de conhecimento deverão estar no inventário de ativos, para que sejam tratadas com a devida atenção, garantindo que se no futuro alguma coisa venha a ser apagada, não terá sido por mera desatenção. 

(*) Augusto Gaspar Diretor da unidade de Professional Services da MicroPower e coordenador da coluna “Desenvolvendo Talentos” desta revista. 

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