Depois de ocupar a vice-presidência da ABRH-Brasil por duas gestões consecutivas (2010 a 2015), Elaine Saad iniciou, no dia 1º, sua trajetória à frente da maior entidade de Recursos Humanos do país com um propósito desafiador: aumentar a influência e a ação não apenas da ABRH-Brasil, como da área de Recursos Humanos nas empresas do país. Confira nesta entrevista.
Sua gestão começa com o mote Influência e Ação. No que ele se fundamenta?
Elaine Saad – A influência só acontece através das pessoas e precisa ter duas dimensões: amplitude e profundidade. Nesse sentido, hoje temos profissionais de RH atuando em diferentes níveis: com grande amplitude, mas de forma rasa; em profundidade, mas com pouca amplitude e assim por diante. Em todos os casos, há oportunidades de fortalecer essa atuação.
Durante décadas, o RH pediu lugar à mesa de decisão das organizações, conquistou esse espaço e, agora, precisa ocupá-lo com efetividade, sentando ao lado do primeiro homem e sendo influente como os seus pares de outras áreas. Há quem já faça isso? Sim, sem dúvida. É a maioria? Infelizmente, não. Estamos nesse momento: identificamos as cadeiras à mesa, sabemos quem são nossos stakeholders, mas falta repertório, posicionamento, talvez um pouco de coragem para que nossa comunidade avance. Esse é o grande foco na nossa gestão: atuar para que a influência de RH ocorra com mais amplitude e profundidade. E também para que, nesse sentido, a própria associação se fortaleça junto ao mercado.
Qual deve ser o papel das 22 seccionais da ABRH nesse trabalho?
Elaine Saad – Sem as seccionais não vamos conseguir nada, justamente em função do aspecto da amplitude. E da profundidade também. Uma das forças da ABRH-Brasil é a forma como ela se espalha pelo país e consegue ter essa atuação.
Depois de seis anos como vice-presidente, qual foi seu grande aprendizado?
Elaine Saad – Foi de entender muito a estrutura da ABRH-Brasil, como funciona cada uma das seccionais, quais são as necessidades individuais e coletivas diante das diferenças marcantes existentes entre as diversas regiões do país. Aprendi muito observando e vivenciando o dia a dia da ABRH e, também, com a liderança engajadora e participativa da Leyla Nascimento [presidente da ABRH-Brasil de 2010 a 2015].
Qual é, na sua visão, o principal desafio agora?
Elaine Saad – Na gestão da Leyla, trabalhamos para preparar e semear o terreno. Agora é o momento de consolidar a atuação de um RH mais igualitário em todos os Estados brasileiros. Também foi iniciada a internacionalização da nossa presença, que temos que sedimentar, assim como precisamos fortalecer a ABRH como uma casa de conteúdo, formação e capacitação profissional e, ainda, no sentido de que somos abertos não só aos RHs, mas a todos os líderes de pessoas, pois estes também têm que ter o olhar de Recursos Humanos.
Voltando ao profissional de RH, qual é a importância dele em tempos de crise como o atual?
Elaine Saad – Uma coisa é lidar com as emoções em momentos de bons ventos, quando os resultados da empresa estão em patamares altos. Outra coisa é lidar com elas em um cenário crítico. Em uma época como a que vivemos, acredito ser ainda mais fundamental a presença do profissional de RH. Em períodos de tormentas no mercado, as pessoas se sentem perdidas, não sabem o que devem fazer, e alguns líderes não sabem como motivá-las. Nesse momento, o RH contribui muito, dando suporte nas questões emocionais e comportamentais, ajudando os demais profissionais a terem melhores condições para saber como se comportarem com suas equipes. Além disso, em um cenário de crise, um pequeno erro poder ser drástico. O RH entra nesse momento como uma espécie de prontosocorro, no qual você pode se apoiar para compartilhar aquilo que não se sentiria à vontade em dividir com seus pares ou chefes.
 
Muitas empresas “aproveitam” os momentos de instabilidade para rever suas certezas, seus valores, seus propósitos. O RH também deve participar desse processo?
Elaine Saad – É exatamente isso que estamos buscando. Porque não basta ter um RH alinhado apenas à questão do suporte emocional. O suporte emocional precisa estar adaptado a uma visão do negócio. Se a área de Recursos Humanos sabe que a empresa não está indo muito bem, que não está tendo o retorno previsto ou imaginado, se sabe o que está acontecendo no mercado, o subsídio emocional que pode dar é muito maior. Tendo uma visão mais ampla e mais profunda do negócio, sua a ajuda é muito melhor.
Hoje, o RH está preparado para entender esse cenário?
Elaine Saad – É difícil generalizar, porque existem pessoas que realmente estão prontas; há uma grande massa central, que está se desenvolvendo rapidamente, que tem uma noção do que fazer, mas ainda não está totalmente preparada; e, por fim, em outro extremo da curva, pessoas que ainda não entenderam as mudanças, os avanços e como ocupar os espaços abertos pela área. Acredito que a ABRH-Brasil, assim como outras entidades de Recursos Humanos, tem um grande trabalho a fazer junto a essa massa central e a quem ainda não entendeu o momento atual. Obviamente, há um trabalho importante da associação na manutenção e no desenvolvimento do pessoal que já está exercitando o papel do RH como parceiro do negócio, aquele que está junto de verdade e dialoga à altura dos pares das áreas financeira, de marketing e comercial.
 
Entrevista publicada pelo informativo da ABRH-Brasil, Pessoas de VALORH – Jan/2016

Você também pode gostar