Você já leu algo sobre neurociência? É incrível o que os cientistas já descobriram neste campo! O cérebro é um universo de complexidades e possibilidades. Ao me aprofundar um pouco nessa ciência comecei a me conhecer melhor, talvez o mais correto fosse dizer “a nos conhecer melhor”, porque através da sua evolução o cérebro criou um sem número de “eus”. Vejamos…

Segundo os autores e neurocientistas António Damásio, Richard Hanson, Richard Mendius e outros, em seus diferentes livros, são unânimes em afirmar que durante a evolução do cérebro nesses muitos e muitos milhares de anos, o “eu” foi criado para ser um observador do ambiente externo com o único propósito de garantir a sobrevivência da espécie humana, e ao longo desse tempo, o cérebro não só foi criando outros “eus”, mas também sofisticando esta percepção.

O nascimento do primeiro “eu” aconteceu no momento em que os nossos antepassados criaram a linguagem, os primeiros sinais de comunicação. Aquele que informava sentia-se diferente, portanto outro, daquele que recebia a informação.

Na medida em que a humanidade evoluía em suas relações de sociedade, identidade, cultura e invenções, o cérebro ia armazenando todas essas informações (visuais, auditivas, tátil, olfativas e degustativas) mapeando não só o ambiente externo como o próprio ambiente interno, criando assim um poderoso processador de dados e sistemas de decisões.

Hoje, encontramos o “eu” em várias partes de nosso cérebro, mas a maioria de nós não tem conhecimento disto. Ele está no cerebelo, na zona límbica, no hipotálamo, na amígdala, no neocórtex e outros lugares. Interessante observar que não existe um lugar específico onde o “eu” está localizado, ele está presente em muitos lugares, de forma simultânea dependendo dos estímulos que o cérebro esteja recebendo dos ambientes interno e externo.

Com esta compreensão básica do cérebro, decidi convocar todos os meus “eus” para uma reunião onde cada um pudesse se apresentar e falar um pouco sobre si. Participaram o Eu Criança, o Eu Provedor, o Eu Honesto, o Eu Ciumento, o Eu Invejoso, o Eu Agregador, o Eu Medroso, o Eu Herói, o Eu Profissional, o Eu Religioso, o Eu Família, o Eu Amigo e tantos outros “eus” que muitos ficaram em dúvida se eram mesmo um “eu”, cada um deles vindo de uma parte diferente do cérebro. Incrível foi ver que eles chegavam aos pares, como se fossem gêmeos, refletindo lados opostos, o Eu Simpático veio junto com o Eu Antipático e assim por diante.

O ambiente estava deveras confuso com as redes neurais tomadas de impulsos eletromagnéticos e congestionadas de tanta falação, foi quando o Eu Líder tomou para si a tarefa de conduzir a reunião e no final tudo continuou como antes.

Este artigo não tem a pretensão de ser hilário ou ver a neurociência de forma superficial, tão pouco insinuar que a presença de tantos “eus” significa alguém com múltipla personalidade, na verdade são partes de um mesmo “eu” com estímulos diferentes numa jornada de evolução. O objetivo primário deste artigo é chamar a atenção para a importância do autoconhecimento, de buscar a verdade sobre si mesmo, de ampliar os próprios horizontes e de suplantar os limites impostos pelos costumes, educação ou mesmo religião.

O mundo se modifica a cada momento e nós sofremos porque não compreendemos as mudanças e, portanto resistimos a elas. Nós só teremos mais liberdade se conseguirmos expandir nossa consciência, esta, mais uma criação do cérebro para nossa evolução.

A neurociência desponta como uma das grandes contribuidoras para o nosso autoconhecimento dissecando um mundo que determina o nosso comportamento. Por que não nos apropriarmos destes conhecimentos e deixar florescer um Eu Superior, consciente, movido pelos valores universais, que seja o grande maestro dessa incrível orquestra chamada cérebro e nos lidere para uma vida de alegria e bem-estar?

Você também pode gostar