Por Carlos Faccina
Sua carreira depende metade da competência, outra metade da sua capacidade de relacionamento. É o que a minha vivência de 25 anos como executivo me faz afirmar.
Isso quer dizer que incompetentes com bom relacionamento interno e externo podem fazer boas carreiras, sobrepujando os reconhecidamente competentes.
Sim, dói, mas é verdade.
Não podemos esquecer o dito de Aristóteles: “o homem é um animal político”. Essa afirmação não se restringe ao mundo da política ou dos políticos. Para Aristóteles, o homem é um animal político porque se realiza plenamente no âmbito da polis, a “cidade ou a sociedade política”. A política do ethos é a política do relacionamento e da equação que combina integridade, capacidade e ação.
No mundo real, essa definição raramente é encontrada. Ao contrário, nós brasileiros estamos mais acostumados com a politicagem do que com a Política definida por Aristóteles.
E no mundo da corporação?
A politicagem pode sobrepujar o político com P maiúsculo? Sim, e não é tão raro. Protecionismo, compadrio e paternalismo estão presentes em doses bastante elevadas no mundo corporativo, que deveria ser o reino da meritocracia.
Existem dois tipos de amizade entre os pares, entre as chefias e subordinados, que predominam nas empresas: a saudável, onde a amizade é o respeito pelo colega e o reconhecimento da sua competência; a outra mistura doses alarmantes de protecionismo, promoções e benesses, que nada têm a ver com desempenho.
A amizade e trabalho não consistem, por si só, obstáculos para a excelência do rendimento profissional, mas temos que prestar atenção naquela que, de forma imoral, “protege” o amigo ou o bem relacionado.
A empresa não pode abrigar clubes exclusivos, cujo acesso não são pautados pela performance, mas pela adulação e, no linguajar popular, pelo “puxa-saco”.
O relacionamento positivo é fundamental no processo de construção da carreira. Define-se pela troca de competências e afinidades, fator crucial para demonstrar suas qualificações para pessoas próximas ou mais afastadas da sua função.
Reconheça que tipos de trocas você faz em sua empresa e verifique o alinhamento desse processo às suas competências.

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