Opinião pública passou a valer muito a partir da segunda metade do século XX. Antes, governos e líderes políticos já atentavam para a construção de uma “imagem pública”. Contudo, a massificação do conceito só viria depois. Hoje, a opinião pública é termômetro para tudo.
E na empresa, a opinião pública exerce influência na definição das promoções?
Não deveria, cercados que estamos de instrumentos e análises formais de desempenho e de potencial de cada colaborador. Se não considerarmos essas ferramentas, ainda assim os cargos não são ocupados por eleição e muito menos por aclamação. São indicações de cima para baixo.
Não existe, portanto, o peso da opinião pública interna nas organizações?
Temos dentro da empresa, sim, os formadores de opinião com influência primordial na carreira da maioria dos executivos. Além do famoso QI (Quem Indica – leia “Vaga para presidente do Brasil: a importância do QI”), podem valer muito as opiniões dos colegas, que podem constar de uma avaliação 360 graus.
As opiniões relevantes também podem ser emitidas na informalidade, nos corredores, nos cafés e nos almoços executivos. Essas são poderosas.
No peso dessa imagem pública do candidato não entra só a competência, mas sua personalidade, estabilidade emocional, facilidade de relacionamento, modo de vestir, de falar e de se comportar frente às pressões.
Queiramos ou não, na empresa “tudo se sabe”. Sua vida familiar, dependendo da organização, também pesa. Em determinadas funções, pode pesar a percepção de pessoas que você pouco considera, de outras áreas, ou até de subordinados.
Na maioria das vezes, a leitura que se faz é de que aquele que é beneficiado pelo QI não teria as condições suficientes para ser escolhido se não fosse indicado por alguém importante na estrutura da organização. As empresas investem muito, e cada vez mais, em processos que permitam garantir a escolha de funcionários adequados as exigências de cada cargo.
Não é necessário fazer campanha para “trabalhar” sua imagem pública, porque a análise estruturada do desempenho costuma funcionar. Mas é preciso ampliar seu olhar para aspectos mais amplos em relação ao processo de avaliação e decisão para promoções.
Existe obviamente o QI, mas isso não invalidade que, na maior parte dos casos, prevaleça o desempenho funcional e pessoal. Analise como você é visto na organização, de forma positiva ou negativa. Identifique os formadores de opinião e conheça o que acham de você. Procure demonstrar seus resultados para além de sua estrutura hierárquica sem comprometer o relacionamento com sua chefia imediata. Conheça e seja conhecido.
No post “Conseguir um bom emprego é questão de sorte?“, destaco que as boas oportunidades nascem também de bons relacionamentos. Uma rede bem construída ao longo da carreira amplifica essas possibilidades. Ela nasce na família, passa pela escola e faculdade e se multiplica nas suas atividades profissionais. Cultive muito bem seus relacionamentos.