No Congresso Brasil Digital 2025, duas apresentações evidenciaram como a transformação digital pode assumir escalas distintas — corporativa e social — sem perder o mesmo princípio central: pessoas no centro da estratégia.
O Bradesco apresentou uma trajetória consistente de digitalização, hoje sustentada por uma base superior a 70 milhões de clientes e por uma operação majoritariamente digital. Com cerca de 99% das transações realizadas em canais digitais, o banco destacou que a nova fase da transformação vai além da tecnologia. Ela envolve cultura organizacional, modelo operacional e agilidade corporativa. A BIA (Bradesco Inteligência Artificial) é um dos pilares dessa evolução, já utilizando IA generativa para melhorar a experiência do cliente e aumentar a produtividade interna, inclusive com ganhos relevantes em migração de sistemas legados, codificação e redução de tempo de entrega. O modelo se apoia em times multidisciplinares, métricas claras de desempenho, uso intensivo de dados e foco contínuo em personalização, escala e segurança.
Em um contexto diferente, mas igualmente transformador, a TXAI apresentou o projeto Programadoras da Vida, uma iniciativa de inclusão digital e empoderamento feminino voltada para meninas de 15 a 18 anos em situação de vulnerabilidade social. Criado pela CEO Denise Fernandes da Cruz, o programa oferece formação ao longo de um ano letivo, combinando aulas presenciais — viabilizadas por doação de notebooks — com conteúdos disponíveis em nuvem. As trilhas incluem lógica computacional, dados, inteligência artificial, cibersegurança, design e desenvolvimento de aplicativos, além de orientação de carreira e apoio emocional.
O diferencial do projeto está na abordagem integral, que olha cada participante de forma individual, considerando contexto social, emocional e familiar. Os resultados demonstram impacto concreto: alta taxa de conclusão, elevado interesse das alunas em seguir na área de tecnologia e inserção em estágios, cursos técnicos e iniciativas de destaque. A iniciativa já se prepara para expandir, com a criação de novos polos em outros municípios, começando por Belém (PA), a partir de 2026.
As duas apresentações reforçam que a transformação digital não se resume à adoção de novas ferramentas. Ela exige visão de longo prazo, integração entre tecnologia e pessoas, responsabilidade social e a capacidade de gerar valor real — seja para milhões de clientes, seja para jovens que passam a enxergar novos futuros possíveis.


