Por Carlos Faccina

A primeira é que tomo conhecimento pelo noticiário que algumas escolas do Ensino Médio começam a incluir no currículo noções sobre administração, finanças e gestão. A segunda, tive a oportunidade de vivenciar, ao acompanhar minha neta Isabella, uma cerimônia de declaração dos três melhores alunos de cada série, a partir da sexta série do Ensino Fundamental, na escola que frequenta, o Colégio Pentágono, Morumbi.

No primeiro caso, julgo de extrema importância que os alunos já cursando o Ensino Médio, sejam introduzidos em assuntos que afetam o dia a dia dos pais e deles próprios. 

Noções do que é poupança, aplicação, administração básica e valor do dinheiro vão, certamente, melhorar o comportamento social, de um lado e, de outro, aumentar o valor que a juventude dará aos pais ou provedores por saberem quanto custa viver. 

Conhecedores dos conceitos básicos, que alicerçam a administração, terão uma noção mais exata dos sacrifícios feitos pelos pais ou provedores – em educação, habitação, vestimenta e alimentação. Nada é de graça. Ter essa noção, aumenta a chance de crescerem mais sintonizados com os reais valores da vida.

Estou certo de que serão melhores cidadãos e não somente consumidores demandantes do que está na moda, e usarão menos, quero isso ou aquilo…. Quando chegar à noção do valor do dinheiro disto ou daquilo, os pedidos serão menores, com certeza.

No segundo exemplo, fiquei surpreso por ver, pela primeira vez, sendo usada em uma escola do Ensino Fundamental, o conceito de meritocracia. A Palavra meritocracia não consta do vocabulário do nosso governo e, por mais incrível que possa parecer, nem em muitas empresas, onde o compadrio, as ligações de amizade são as molas propulsoras da carreira.

A meritocracia é ainda estigmatizada por diversas correntes ideológicas, que a consideram apenas um disfarce do “capitalismo Selvagem ou Explorador”. 

Mas foi com base na meritocracia, aquele que sabe mais, rende mais, se esforça mais, produz mais e empreende mais, que foi construído o desenvolvimento. No sentido contrário, o que podemos constatar no subdesenvolvimento, que por razões ideológicas ou simplesmente por preconceito, isolam a meritocracia para o mais fundo dos abismos. 

Vi, hoje, crianças felizes, visto que foram reconhecidas numa cerimônia simples, mas de grande efeito emocional e, ao mesmo tempo, vi professores orgulhosos, ao reconhecerem que, entre os melhores estavam alguns que por eles tinham passado nas series anteriores. 

Mas, sempre tem um mas, alguém poderia dizer, e antes que o faça, tomo a dianteira: e os demais alunos, que ficaram desprestigiados, acabrunhados, afinal não estavam entre os primeiros? 

A essas pessoas que assim pensam, respondo que tomei o cuidado de falar com alguns alunos que não estavam no grupo dos melhores, e duas foram as reações, indiferença na minoria e desejo de estar entre os primeiros na maioria. Não nos esqueçamos da capacidade humana de reconhecer critérios justos. 

O ser humano é sábio desde a mais tenra infância, sabe distinguir o que se faz com justiça e critério, e era isso que estava ocorrendo ali naquela cerimônia. 

Enfim, em educação, qualquer semente pode produzir bons frutos e as que citei são duas pequenas e humildes sementes, mas no que depender de mim, apoio e divulgo. 

Somente com uma educação que privilegie o prático, a teoria fundamentada e a compreensão de como a vida funciona, poderemos solucionar questões de bem estar e desenvolvimento. 

A palavra meritocracia, por si só, é rica, visto ser a junção do latim mérito e de cracia de origem grega, as duas línguas que fundaram a civilização moderna. 

Meritocracia não é a solução de todos os nossos problemas, mas é, sem dúvida, uma ferramenta importante, testada e reatestada e que vem demonstrando sua eficácia e eficiência por séculos. Esquecida, por vezes mal interpretada e mesmo vilipendiada, ressurge nesses exemplos, que espero se reproduzam entre os educadores.

Você também pode gostar