Por Augusto Gaspar (*)
É consenso que o aprendizado leva a um melhor desempenho, mas, ao tomarmos essa afirmativa como regra, poderemos cair em algumas armadilhas. A mais comum aparece quando a empresa se depara com novos desafios, que requerem conhecimentos e habilidades não disponíveis em seu quadro. Apenas ensinar esses novos conhecimentos e habilidades às pessoas não garante um desempenho aceitável em pouco tempo. Na verdade, o desempenho pode ser sofrível no curto prazo, já que as novas habilidades e os novos conhecimentos não estão maduros para serem postos em prática.
Outra armadilha que leva à redução do desempenho após o aprendizado ocorre quando o trabalho já é executado sem o treinamento adequado e decide-se então treinar as pessoas. Os treinamentos em geral mostram aquilo que as pessoas vinham fazendo de forma errada e revelam a forma correta, ocasionando uma redução no desempenho em um primeiro momento, uma vez que o que foi aprendido na prática terá que ser deixado de lado e trocado por uma nova forma de trabalho, sem considerar as naturais resistências à mudança.
Os novos modelos de aprendizado nos mostram os caminhos para escapar dessas armadilhas, deixando claro que o aprendizado não ocorre somente durante o treinamento formal (seja presencial, on-line ou Blended), mas também durante todo o tempo de trabalho, por exemplo:
· O acesso a bases de conhecimento e a especialistas (pessoas da empresa com mais prática e conhecimento no assunto) pode alavancar o aprendizado trazendo experiências práticas de outros, evitando que erros – naturais em um processo de aprendizagem – se repitam. Aprendemos com nossos erros, mas em uma organização, os mesmos erros não precisam se repetir.
· Sistemas de suporte aos funcionários, chamados EPSS (Employee Performance Support Systems), provêm uma “tutoria eletrônica” extremamente útil para a resolução de problemas e dúvidas pontuais nas atividades de um processo, e estão tornando-se cada vez mais sofisticados e amigáveis.
· A prática de coaching e mentoring pós-treinamento apoia as pessoas na construção das habilidades e dos conhecimentos requeridos para executar as novas atividades, incutindo a motivação para aprender e buscar seu desenvolvimento. O Mentor, com sua orientação técnica e experiência, e o Coach, com seus instrumentos para melhoria de desempenho e descoberta da potencialidade individual, podem fazer muita diferença no aprendizado e na velocidade com que os novos conhecimentos e habilidades são aplicados em toda a sua extensão.
Para que o aprendizado reflita efetivamente e positivamente no desempenho, é importante termos uma visão integral, entendendo que ele não se limita a um ou outro evento, e sim ocorre durante todo o tempo. Em seu livro Além do e-Learning, Marc Rosenberg propõe um modelo de aprendizado integral, para se chegar ao que ele denominou de Empresa Inteligente, que já está sendo utilizado com sucesso por algumas organizações no Brasil. Procure conhecer esses casos e utilizar o que for melhor para a sua empresa, direcionando-a para se tornar uma empresa inteligente de verdade.
(*) Augusto Gaspar é Diretor da unidade de Professional Services da MicroPower e coordenador da coluna “Desenvolvendo Talentos” desta revista. Comentários e contribuições podem ser enviados para augusto.gaspar@micropower.com.br.