Por Carlos Faccina
“Aposentadoria? Não quero não saber.
Sou jovem e esse é um tema que não me interessa.”
De olho em manter a cadeira que simboliza um lugar na empresa ou ambicionando uma posição mais alta na hierarquia, os profissionais dedicam pouca atenção para a fase pós-emprego (leia sobre este conceito no post A aposentadoria de Oscar Niemeyer).
Mas se há algo que passa de forma nada respeitosa é o tempo.
Não é uma tradição cultural brasileira realizar um planejamento pessoal de longo prazo. Eu comecei a pensar em aposentadoria aos 50 anos e quando me dei conta já estava com 62 e tinha chegado a hora.
Eu planejei minhas atividades nessa transição e conquistei uma reserva financeira. Ainda assim, foi uma fase muito difícil, uma passagem violenta, mesmo preparado. O salto das etapas de adolescente para adulto, ou de jovem para sênior, posso garantir, é ainda mais suave que aquela que nos leva para a chamada terceira idade.
É um momento marcado pela falta de planejamento para a perspectiva financeira, uma queda brusca de padrão de vida e depender de sistemas públicos é um risco que não recomendo como alternativa para ninguém.
Existe a perda da identidade (é normal o aposentado ter seu nome associado à atividade que realizava ou à empresa onde trabalhou por tanto tempo). É preciso construir um novo sobrenome, sozinho e sem estrutura. A rotina diária redesenhada sem o acolhimento do ambiente de trabalho nos coloca o desafio da gestão inteligente da ociosidade.
Não devemos a descartar a questão dos familiares que dependiam de nossa renda como mais um fantasma a assombrar nossos dias de aposentado.
Por outro lado, somos ativos, saudáveis e plenos em nossas capacidades intelectuais e prontos a compartilhar com vitalidade as nossas experiências. Aceitar e aprender com isso é fundamental para quem se aposenta e para a nação que depende cada vez mais dessa força de trabalho.
Para quem está na empresa e não gosta de falar de aposentadoria, saiba que, para abrir vagas para os mais novos, muitas empresas estão baixando a idade de corte de 60 ou 65 para 55. Algumas perguntas devem ser feitas por você agora:
– A empresa a que me dedico tem Fundo de Pensão?
– Qual é o tipo de Fundo?
– Se a empresa não tem Fundo de Pensão, você planeja providenciar um junto a uma instituição habilitada?