Por Carlos Faccina
O jogo do Brasil contra a Coréia do Norte é um exemplo clássico de como podemos conduzir um processo para sufocar talentos. Ninguém discute que o jogador brasileiro é talentoso – uns mais, outros menos –, mas de alguma forma todos estão acima da média. Tomando talento como habilidade de executar de forma objetiva, eficiente, eficaz um movimento, uma expressão ou uma idéia, o que vi foi uma estrutura organizacional rígida, inflexível, incapaz de gerar resultado independente do que o adversário apresente.
Robotizar é perder o melhor da energia que os talentos têm a nos oferecer.
Se inovação e renovação são fundamentais para competir, e principalmente para criar vantagens competitivas no mercado, o talento esta por detrás desse processo. Ter talento, sem margem de erro, é um sinal de risco para a sobrevivência da empresa no mercado.
Em campo, não tivemos um único exemplo de criatividade, exceção honrosa ao Maicon, mas que justifica a regra. O talento que deveria aparecer do conjunto não emergiu, ficou sufocado.
Se os talentos continuarem sendo sufocados em prol de um esquema, modelo ou qualquer coisa que seja, vamos tomar cuidado para que o “fantasma de 1966″ não retorne. Naquele ano, na Copa da Inglaterra, saímos na primeira fase, uma das piores campanhas da seleção. Com talentos em excesso, não houve competência para criar o espaço necessário para a sua aplicação.
Boa sorte aos talentos da seleção. Rebelem-se contra os esquemas, usem suas habilidades naturais e o “fantasma” pode voltar para o seu devido lugar.