Por Augusto Gaspar
O uso de filmes e vídeos em treinamento não é algo novo. Lembro com saudades das aulas com filmes que tive quando cursei o segundo grau, no fim da década de 1970. Saudades não pelo seu conteúdo, mas sim pela diversão – éramos levados a uma sala de cinema, onde fazíamos mais bagunça do que aproveitávamos os filmes didáticos que eram apresentados. Na época, isso era uma grande novidade, principalmente porque dependia de recursos caros: um cinema equipado e com profissionais especializados.
A primeira explosão da utilização de vídeos como recurso didático ocorreu em meados da década de 1980, com o barateamento e a simplificação dos equipamentos de gravação e reprodução. Os filmes podiam ser levados para qualquer sala de aula, sem a necessidade de grandes recursos e complicações.
Poucos anos depois nasciam os CBTs, os treinamentos baseados em computadores, que eram vistos erroneamente como substitutos dos meios de treinamento tradicionais, e por essa razão incorporavam todo material didático existente (incluindo os vídeos) nos seus CDs. A ideia era possibilitar uma experiência próxima da sala de aula, e assim, muitos CDs de treinamento traziam aulas gravadas com professores de carne e osso.
Com a chegada do modelo e-Learning como conhecemos hoje, que baseado em ferramentas on-line altamente dependente de recursos de transmissão de dados, vimos uma grande limitação para a utilização plena de vídeos. Para se transmitir vídeos com qualidade, de forma fluída e sem engasgos, são necessárias conexões de alta velocidade, além de tecnologias que permitam que o vídeo seja enviado e assistido sob demanda.
Hoje estamos assistindo à uma segunda explosão na utilização de vídeos em treinamento. As velocidades de internet disponíveis em nosso país estão chegando a valores propícios, e a tecnologia em ambas as pontas (os servidores de um lado, e o equipamento dos usuários do outro) já não é complicada e tão cara. O streaming de vídeo possibilita a disponibilização de conteúdos longos sem que seja necessário esperar pelo download. Hoje pode-se disponibilizar bibliotecas inteiras em vídeo, com custo e qualidade excelentes.
No aspecto didático, as vantagens da aplicação de vídeos nos treinamento on-line, sejam técnicos ou comportamentais são evidentes. Em treinamentos para utilização de equipamentos, ou de execução de procedimentos, pode-se mostrar o passo-a-passo como deve ser na vida real. Pode-se criar situações que espelham a realidade e inspiram, como depoimentos e entrevistas. É possível utilizar vídeos para se capturar e disponibilizar o conhecimento de especialistas, o que seria muitas vezes impossível utilizando-se materiais didáticos tradicionais.
Embora as vantagens da aplicação de vídeos em treinamento sejam muitas, eles não são a solução para todos os casos. As animações, por exemplo, continuam imbatíveis nos temas intangíveis e nas metáforas. Não podemos, também, perder de vista os recursos de aprendizado informais, assim como as bases de conhecimento e as ferramentas colaborativas.
E então, como podemos aproveitar essa nova onda dos vídeos? O primeiro passo é avaliar sua aplicabilidade a cada conteúdo. Quanto maior a necessidade de demonstrações e explicações de tarefas, maior a aplicabilidade. Sua utilização também é indicada nos casos em que se necessita de uma produção rápida e de baixo custo. Ao se entrevistar um especialista, por exemplo, ou acompanha-lo em suas atividades, captura-se em poucos minutos um conteúdo que levaria horas (ou dias) para ser formatado.
O custo e a velocidade desse recurso é extremamente atraente. Vale a pena experimentar e encontrar as melhores aplicações em sua empresa!
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