Por Augusto Gaspar (*)
Aristóteles Onassis foi um dos homens mais ricos do mundo. A ele é atribuída a frase “O segredo do negócio é saber algo que ninguém mais sabe”. Talvez Onassis não tenha sido um grande pensador (veja a nota ao final), mas inegavelmente foi uma pessoa de sucesso. No início dos anos 1930, em meio à grande crise econômica mundial, formou seu patrimônio adquirindo navios mercantes a preços muito baixos. Assim, chegou a possuir a maior frota particular do mundo, além de ter sido dono de uma companhia aérea, de bancos, cassinos e empresas imobiliárias. Com certeza Onassis sabia de muitas coisas que ninguém mais sabia, as quais foram essenciais para o sucesso dos seus negócios.
No mundo extremamente competitivo de hoje, ter conhecimento ou competências que outros não têm pode garantir uma sustentável vantagem, principalmente quando falamos no nível empresarial. Isto é, as empresas que têm competências diferenciadas certamente têm mais condições de gerar inovações, explorar novos mercados e posicionar-se à frente das demais. Não é novidade que a melhor forma de se desenvolver competências é por meio de um aprendizado integral, que envolva eventos formais, atividades no trabalho, experimentações, mentoring, coaching e compartilhamento, entre outros meios de desenvolvimento. Além disso, as empresas devem dar condições para gerar, captar e promover a disseminação do conhecimento.
E aí está o “X” da questão: para a empresa, é fundamental que cada um se desenvolva e compartilhe os conhecimentos que adquiriu, contribuindo para a elevação dos níveis de competitividade da organização, mas como fica isso para o indivíduo? Da mesma forma que para a empresa é importante ter uma vantagem competitiva, muita gente não pensaria da mesma forma e, ao “saber algo que ninguém sabe”, tenderia a guardar isso para preservar a sua presumida vantagem? Embora pareça estar fora de moda, a postura de guardar para si os conhecimentos ainda é vista com frequência permeando os mais diversos níveis das organizações.
Sabemos que conhecimento só é útil quando compartilhado, e que o maior gênio do mundo seria facilmente confundido com o maior idiota do mundo se guardasse tudo o que sabe para si. Mas os colaboradores da sua empresa sabem disso? Eles são estimulados a compartilhar o que conhecem? Infelizmente, por falta de informação, visão ou esclarecimento, muitos ainda pensam que, ao compartilhar seus conhecimentos, estarão pondo em risco sua empregabilidade, deixando de ser úteis para a organização.
A implantação de um programa de Gestão do Conhecimento abrangente deve prever mecanismos para minimizar esses efeitos de “falsa utilidade” que fazem com que algumas pessoas guardem para si os conhecimentos. Entre esses mecanismos podemos citar reconhecimento e premiação para aqueles que compartilham informações realmente úteis e que possibilitem gerar conhecimento. Por exemplo, você já pensou em colocar entre as metas que compõem as avaliações de seus colaboradores itens como quantidade de páginas publicadas, cursos repassados às equipes e outras atividades que estimulem o compartilhamento de conhecimento e a consequente aquisição de competências pela organização? O segredo do negócio pode ser saber o que ninguém sabe, mas, dentro de uma organização, o segredo do negócio é saber o que se sabe e, principalmente, quem sabe o quê!
Nota: A Onassis também são atribuídas as frases: “Deve ser muito desagradável não ter dinheiro” e “Somente Deus e eu somos capazes de fazer algo a partir do nada”, entre outras “pérolas”.
(*) Augusto Gaspar é Diretor da unidade de Professional Services da MicroPower e coordenador da coluna “Desenvolvendo Talentos” desta revista. Comentários e contribuições podem ser enviados para augusto.gaspar@micropower.com.br.