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Perguntas podem valer mais do que respostas

Por Carlos Faccina
Nosso estado de ansiedade é sempre grande para dar uma resposta adequada. Parece que vale um bilhete premiado, a oportunidade entre ser elevado ao céu, ou condenado ao inferno. A atitude reflete o nosso desejo permanente de demonstrar conhecimento, fazer pesar nossa opinião e desqualificar as idéias contrárias.

Ocorre que nem sempre respostas têm esse efeito. Ao invés de uma resposta mal elaborada, uma pergunta instigadora é que faz pensar.

São nas reuniões e trabalho de grupo que grande parte do tempo é despendido nas empresas pelos colaboradores e líderes. Normalmente o que se procura nesse tipo de trabalho é o consenso. Considero mais produtivo para os resultados operacionais almejados a busca da melhor idéia e não do consenso.

Consenso nem sempre é a melhor idéia.
Fácil de dizer, difícil de demonstrar.

Essa aparente inversão de valores – perguntar ao invés de responder – corresponde na filosofia ao termo ‘racionalismo crítico’, sistema filosófico proposto por Karl Raimund Popper.

Eu meu livro “Profissional Competitivo: Razão, Emoções e Sentimentos na Gestão” (Editora Campus, 2006), destaco sua contribuição para entender de uma nova forma a Razão Humana: “Ela (a Razão Humana) deixa de ser fonte que, inexoravelmente, faz jorrar a verdade, para se constituir em instrumento de busca do conhecimento, utilizando-se de todos os recursos que possam auxiliar na tarefa de identificar o conhecimento válido”.

Em outro trecho: “Os modelos de análise, portanto, ao serem construídos, tornam-se importantes instrumentos, mas como tais devem permanecer”.

Diante de uma riqueza de alternativas distintas, entre as quais pode estar a mais correta, ou, no mínimo, a mais próxima da melhor solução, o desafio é perguntar com objetividade, buscando dentro de si o questionamento que não foi feito. Vamos verificar a validade da proposta pelo questionamento.

Relacione o que foi dito com uma reunião ou trabalho de grupo que tem por objetivo lançar um novo produto, dar início a um processo de reestruturação (que implica em cortes de custos e pessoas), ou mesmo a aquisição ou fusão de diferentes organizações.

A melhor solução não provém obrigatoriamente de respostas, mas da compreensão da diversidade e do processo de gerar novos pensamentos sobre a realidade que naquele momento é colocada.

De um modo geral, temos respostas, mas sofremos de uma tremenda escassez de perguntas interessantes.

Fazer perguntas que não foram feitas e que são interessantes ajuda na carreira? Minha experiência diz que sim, mas o que pensa você?

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