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A aposentadoria de Oscar Niemeyer

Por Carlos Faccina
O arquiteto Oscar Niemeyer completa neste dia 15 de dezembro 103 anos de vida com uma disposição invejável. Com muitos projetos novos na mesa e um samba lançado na internet, Niemeyer é reconhecido internacionalmente por suas obras no Brasil, em especial em Brasília, e em outros países. Nunca passou pela cabeça dele parar de trabalhar nos informa sua atual mulher (leia mais em Niemeyer – 103 anos).

E você? Vai parar?

Se mal começou a construir sua carreira, você deve estranhar uma história de alguém que possa estar pensando em terminá-la. Pessoalmente, não conheço muitas pessoas, que queiram objetivamente encerrar sua atividade e curtir a vida em férias permanente. O sentido de se aposentar acaba sendo provisório e outras preocupações afloram.

Aposentadoria é uma palavra que carrega a ideia falsa de afastamento, de improdutividade e de inutilidade. Apresenta também os fantasmas da queda da renda e do status profissional. Para muitos, fim de carreira vira sinônimo de fim de vida.

No auge de sua experiência e capacidade de realização, a sensação é de ser observado como alvo para processos compulsórios de aposentadoria. Em muitas organizações, esse profissional está fora entre 60 e 65 anos.

Sob o risco do inevitável, você começa a se questionar sobre o pé de meia a ser construído. Como vou manter meu padrão de vida? Meus filhos e parentes dependem de mim? Como fica o plano de saúde?

Gosto de pensar na aposentadoria como um pós-emprego (que é diferente de desemprego).

Mesmo inativo na concepção de carteira assinada, mas parte da renda preservada pela aposentadoria (pública ou privada), esses profissionais estão ativos buscando desafios e crescimento intelectual. As pesquisas recentes mostram que estamos vivendo mais tempo, com mais saúde. Existe uma longa jornada pela frente.

Estamos preparados para o pós-emprego?

Gostaria de falar de algumas pessoas com quem conversei recentemente e experiências que conheci que demonstram a vitalidade do pós-emprego. Listei algumas constatações que coloco para julgamento de meus leitores para verificar se são válidas em suas próprias experiências práticas:

Estes profissionais pós-empregados estão no auge mental e físico e prontos para oferecer suas experiências;
Muitas empresas percebem que essa bagagem é útil e mantêm vínculos profissionais com os pós-empregados;
Empreendedorismo é a forma clássica do pós-emprego, e a figura do consultor é uma boa alternativa para quem tem esse perfil de ensinar e habilidade de aconselhamento e formação de equipes jovens;
Com o aumento da expectativa de vida, estamos falando de pessoas que têm uma boa estrada pela frente;
Profissionais bem relacionados e uma carreira sólida não demoram a reencontrar oportunidades no mercado;
O pós-empregado é muito procurado por pequenas e médias empresas que crescem, mas de forma ainda desestruturada. Atuam em curto espaço de tempo oferecendo a experiência obtida em grandes corporações para enquadramento do novo empreendimento;
Organizações também convocam pós-empregados para ações urgentes de correção de rota, muitas vezes em unidades danificadas por má gestão. A experiência e isenção são fundamentais para trazer naus à deriva, com tripulação em rebelião, para um porto seguro, preparando-a para uma nova rota comercial;
Muitos retornam para atividades iniciais de sua especialidade (gerente de RH volta a ser instrutor em sala de treinamento, por exemplo) com o prazer que essa essência proporciona.
E você, o que pensa sobre o pós-emprego?

“A vida é mais importante que a arquitetura.”
Oscar Niemeyer

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