Por Carlos Faccina
A questão da liderança divide as empresas como uma serra elétrica divide a madeira nas serrarias. Um imenso tronco de madeira é partido em dois em questão de minutos ao se determinar quem é e quem não é líder.
Na grande esteira da carreira profissional, a equipe de RH prepara listas afiadas de líderes, ou dos que são potenciais para tal desafio. Como há espaço para poucos, a maioria sai carimbada como “não-líderes”.
Será que esse corte é correto? Acredito que não. Saudável não é.
Como chegar lá e ser eleito?
A maioria das publicações ainda recorre ao tema com base em fórmulas e regras para “construir” líderes. Dada a necessidade que cada um tem de continuar a fazer parte do jogo, e como ser chefe ainda é sinônimo de bom futuro profissional, esses livros encontram boa ressonância junto ao público consumidor.
Apostamos no processo de construção do líder, como quem molda a partir da argila. É necessário desmistificar o conceito de líder como resultado de uma linha de produção.
Esta provado que não construímos pessoas. Elas partem do seu arsenal de habilidades naturais, que são desenvolvidas pelo meio educacional.
A educação tradicional e corporativa relega a natureza humana ao quinto escalão e pretende moldar pessoas que invariavelmente não se sentem aptas ou têm um desempenho abaixo do esperado.
Em certa medida, devemos considerar que todos somos líderes.
Em todo momento que conduzimos situações, como numa recepção, recebendo bem as pessoas, ou quando oferecemos uma informação de qualidade em qualquer nível da organização, e até quando exercemos com excelência nossas atividades, e servimos de exemplo para nossos colegas, somos líderes, sem dúvida.
Ao invés de privilegiar um grupo especifico, dividindo a empresas em lideres e seguidores, poderíamos compreender as vantagens de todos, dentro das suas qualificações, liderarem uma ação positiva que leva à produtividade.
Reconheço, é claro, que existem pessoas como mais potencial de liderar que outras, mas isso não significa que, fora desse universo, o que encontramos é “um deserto de líderes” ou um rebanho de simples seguidores sem voz e atos.