Por Carlos Faccina
Estou lendo o saboroso “Guia politicamente incorreto da filosofia”, de Luiz Felipe Pondé, Editora Leya. Você pode não concordar com todas suas colocações, mas é o tipo de leitura que nos instiga a refletir sobre a média geral da conduta orientada pelo lugar comum amplamente aceito e sobre a nossa própria conduta.
Em tempos de cartilha de conduta para tudo e discursos prontos, em mundos corporativos extremamente dependentes da imagem construída pela postura de seus colaboradores, Recursos Humanos se vê constantemente entre exercer o papel de apóstolo do politicamente correto e de general de guerra em busca de conquistas exigidas pelos chefes de mercado no campo de batalha.
Nesse caldo, pensei estes dias na questão da disciplina nas organizações. Disciplina é fundamental para a condução de qualquer empresa, mas considero importante uma dose de “rebeldia”, ou, se preferirem, um tempero de indisciplina na vida.
Discordar do lugar comum e realizar ou priorizar algo que considera importante na vida privada ou profissional são antídotos aos medicamentos (e até drogas) usados sistematicamente por gestores premidos, de um lado, pelos resultados, cobranças e aperfeiçoamento e, de outro, pela difícil arte de criar uma família com os custos que a vida moderna requer.
Um pouco de indisciplina está em romper as regras de vez em quando, sair do sério, exercitar a espontaneidade, rir de si mesmo, estimular uma conversa sem compromisso, o happy hour depois do trabalho. Não estou falando de ferir padrões éticos que estabelecem os pilares do convívio em grupo, mas da importância de libertar os anseios, as angústias e as preocupações.
Adotei a indisciplina e quebrei as regras em determinados momentos da minha vida profissional. Isso não prejudicou minha carreira, nem a condução, com certo êxito, dos destinos da minha família.
Estou somente recomendando que, de vez em quando, seja você mesmo. Estou certo que terá orgulho de si mesmo.