Por Carlos Faccina
A CRIATIVIDADE é o tema atual. Observa-se isso, nas publicações das livrarias, nos seminários, workshops, etc. É um mote irresistível Por quê?
Responde-se a essa questão: existe a crença arraigada de que as empresas, tendo pessoas criativas e exercendo a criatividade, terão sucesso. É verdade?
O desenvolvimento humano depende do uso do conhecimento atual e futuro Ele é motor para fazer produtos e serviços de forma mais eficiente. Na maioria dos casos, estudiosos e especialistas em desenvolvimento social e econômico definem serviços e produtos como condição básica de distribuição mais equitativa de renda.
Ocorre que o conhecimento atual e sua influência nos resultados empresariais, foi de longe sobrepujado pela dupla – criatividade e inovação – enfatizando a produção de novos conhecimentos e sua aplicabilidade para o sucesso pessoal e empresarial.
Será que copiar (uso adequado do conhecimento atual) perdeu sua importância para a produção de novos conhecimentos (criatividade e inovação)?
Vejamos:
Isso não é verdade na indústria de bens de consumo .As mais bem sucedidas são experts no uso do conhecimento existente (copiam). Na realidade, são pouco criativas , mas obtêm, bons resultados e até superiores às denominadas empresas criativas.
Basta uma observação das listas das empresas mais criativas do mundo; cito duas Forbes, com a listagem das 10 primeiras e a do Site Views On You, as 25, para constatar que, na primeira, não consta nenhuma empresa de bens de consumo e na segunda, apenas uma, a Colgate-Palmolive.
As criativas são as Farmacêuticas, as de Tecnologia de Ponta, as de Serviços e as de E Commerce, principalmente.
Copiar, portanto, é importante, sim, desde que três fatores acompanhem a ”capacidade de copiar”: Técnicos altamente capazes, Capacidade de agilizar os processos de produção e serviços, e Talento para ser altamente flexível.
Em geral o ”impacto econômico de usar o conhecimento que já existe é bem maior que criar e inovar” diz Carl Dahlman, professor da Universidade de Georgetown e responsável pelo programa de Conhecimento para o Desenvolvimento (K4D) do Banco Mundial.
Inovar tem custo alto e traz dentro de si incerteza. De 10 novos produtos, a média de sucesso em vendas e resultados, costuma não passar de 3%. Além disso, essa técnica exige pessoas criativas que, atualmente, constituem-se ”artigo raro”.
Convém lembrar que, nas empresas de modo geral, com exceções às estruturas organizacionais, a maioria dos gestores não estão “habituados” a lidarem com criativos, que, normalmente, são pessoas críticas, instigadoras, questionadoras e por vezes inoportunas.
O momento por que passamos dá mais valor à criatividade que à cópia. Absolutamente certo, mas não podemos deixar de lado a relatividade dessa “verdade”.
Antes que uma empresa adote a filosofia que o valor por ela gerado terá na criação sua principal base, os gestores devem analisar com cuidado qual é sua competência principal (bens de consumo, serviços, e-commerce, tecnologia etc..), que se reproduz em seus produtos. Por que? Bens de consumo diferem radicalmente quanto à criatividade ou à capacidade de usar o conhecimento já existente, frente às Farmacêuticas, às de Tecnologia da Informação, Serviços e, em especial, o E Commerce.
Copiar não é vergonha, falta de ética, mesmo porque copiar exige também boas doses de criatividade e de conhecimento técnico.
Ser criativo deve e será o ideal, mas no processo de produção, assim como na vida, não se queimam etapas. Passar pelas fases faz parte da educação corporativa em todos os seus níveis.
Antes de se considerar criativa, a empresa tem que olhar necessariamente para dentro da sua estrutura e objetivos, afinal, o caixa continua a ser o rei e os resultados constituem a Corte que alimenta a sobrevivência do reino.
Ao ler, frequentar seminários e workshops sob o título como ser criativo, ou seja criativo ou morra, tome cuidado.
Analise a empresa em que você trabalha, observe com cuidado as suas principais competências e área de atuação, por meio dos seus produtos. A criatividade é importante. Caso você se julgue criativo (todos nós temos uma dose disso), ao pensar sua vida e carreira, não desconsidere que usar o que já existe é positivo, sem deixar, claro, de olhar para o novo.