Por Felipe Westin
É muito difícil entender mudanças, especialmente quando elas acontecem de uma maneira muito rápida.
No mundo da Economia esses fenômenos têm suas razões e são possíveis de se explicar. Todos os indicadores macroeconômicos se interligam como juros, inflação, câmbio e por aí afora. Os Economistas ficam muito atentos a estes indicadores, pois eles influenciam a Economia como um todo. Eles são “primo-irmãos” de uma família chamada Economia.
E o que o emprego tem a ver com isso? Muito. O mundo ideal na Economia é que os juros fiquem baixo, a inflação idem e o câmbio relativamente estável. Para a nossa realidade parece ficção, mas não é. Observe a Economia Americana, que tem estes três indicadores muito estabilizados e com isso a cresce de uma forma sustentável e contínua. É claro que tem os seus momentos de dificuldades, basta lembrar da crise de 2008. Entretanto, quando a Economia é bem equilibrada, ela logo volta à normalidade.
Todos sabem que quando a Economia cresce, há geração de emprego. É a famosa lei da oferta e procura. O Brasil adotou há alguns anos atrás uma política “artificial” para a Economia crescer baseada em oferta de crédito. As pessoas não tinham renda suficiente e o governo ampliou de forma insustentável a oferta de crédito. Esta ação gerou de fato um crescimento significativo, especialmente em relação à construção civil e à indústria automobilística. A oferta de crédito é importante para a Economia, mas pode se tornar uma “droga” que vicia e ilude as pessoas. A sensação é que se tem dinheiro e que se dispõe de um recurso quando na verdade, ele não nos pertence. É preciso pagar de volta ao credor e, como os juros são muito alto, esta dívida mina a capacidade do consumidor muito rápido.
Por isso, de uma certa forma e de maneira simplificada, este modelo se esgotou, as famílias se endividaram e perderam a sua capacidade de consumo. Não adianta dar mais crédito, pois as pessoas não conseguem pagar, especialmente com os níveis de juros praticados no Brasil.
Outra distorção que vivemos nos últimos anos foi a manutenção de uma taxa de câmbio artificialmente baixa. É uma estratégia clara de manter os preços baixos e por consequência a inflação também baixa. Mais uma vez este modelo não é sustentável, pois custa muito caro para o País manter o câmbio artificialmente baixo. É só ver o que está acontecendo. De repente o Brasil, que tem taxa de câmbio flutuante, está se deparando com uma flutuação para cima de forma descontrolada ou muito alta. Isso gera inflação porque o país é muito dependente de produtos e insumos importados.
Como a inflação disparou, o governo se viu obrigado a aumentar a taxa de juros para contê-la, através do encarecimento do crédito. O custo do dinheiro fica alto e com isso as pessoas adiam as suas compras, especialmente aquelas que dependem de crédito, como para comprar imóveis e veículos motores.
Estas combinações de câmbio alto, taxa de juros alto e inflação alta fazem a Economia entrar num processo de recessão. As pessoas diminuem drasticamente o seu consumo afetando a produção de bens e gerando, em última análise, o desemprego. Por outro lado, esta combinação desestimula os empresários a fazerem novos investimentos, que é o carro chefe para a geração de novas oportunidades de trabalho. Aí está a explicação do “Apagão de Empregos”.
De uma maneira simplificada foi isto que nos levou do “Apagão de Talentos para o Apagão de Empregos”.
Existem outros fenômenos menos cartesianos que causam também recessão, como a restrição de consumo por parte das pessoas, por medo de perder o emprego, ter a sua renda comprometida e insegurança. É um fenômeno muitas vezes mais psicológico do que real, propriamente dito. Em Economia nem tudo é tão matemático, por isso é uma Ciência Humana e não Exata.
Precisaremos ter uma certa dose de paciência para que estas coisas que aconteceram no Brasil, voltem para o seu caminho normal. Precisamos ter uma inflação baixa, taxa de juros adequadas e câmbio estabilizado. Só retornaremos à normalidade e ao crescimento, quando tudo se equilibrar, o que gerará confiança nas pessoas para consumirem e nos empresários para investirem.
Pode demorar um pouco, mas sabemos que tudo em Economia tende ao equilíbrio, e isso acontecerá no Brasil. Não podemos perder a esperança que tanto caracteriza o povo brasileiro!!!