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Melhores Práticas, na Prática: EMBRAER e MICROPOWER

O Congresso Brasil Digital 2025 evidenciou, a partir das experiências de Embraer e MicroPower, que transformação digital bem-sucedida nasce da combinação entre tecnologia avançada e uma gestão cuidadosa de pessoas, processos e conhecimento.

Embraer: CloudIA como copiloto técnico

Na Embraer, a iniciativa CloudIA marca um novo patamar no uso de IA generativa na engenharia aeronáutica. Desenvolvida internamente, a assistente digital apoia engenheiros na consulta e interpretação de normas técnicas altamente complexas, atuando como um verdadeiro “copiloto técnico”.

A solução se apoia em uma arquitetura híbrida de retrieval augmented generation (RAG), integrando o motor interno de busca da engenharia – o “Google da Embraer”, hospedado on-premises – com grandes modelos de linguagem em nuvem, consumidos como serviço. Um pipeline robusto de enriquecimento de dados prepara textos, imagens, tabelas e diagramas, extraindo metadados e realizando indexação semântica para que a CloudIA consiga compreender e recuperar informações de maneira contextualizada.

Os resultados são expressivos. Em testes automatizados com 400 pares de perguntas e respostas, aliados a ciclos alfa e beta com usuários-chave, a taxa de acerto da CloudIA evoluiu de 60% para 78,3%, enquanto a proporção de informações “não encontradas” caiu de 20% para 8,25%. Nos testes de uso prático, o tempo médio de busca por informações técnicas foi reduzido em cerca de 66%, liberando engenheiros para atividades de maior valor agregado.

Além dos ganhos de eficiência, o projeto trouxe aprendizados importantes: enfrentar a resistência cultural à IA, investir em engenharia de prompt e manter os engenheiros no centro da concepção, validação e melhoria contínua da ferramenta. Com isso, a CloudIA caminha para se tornar um ecossistema de inteligência técnica, expansível para novas bases de conhecimento e futuros “especialistas digitais” em diferentes áreas da Embraer.

MicroPower: desempenho, aprendizado e cultura digital

A MicroPower, por sua vez, demonstra como a transformação digital se consolida na gestão de pessoas. Pioneira em e-learning no Brasil, a empresa aplica internamente, desde 2013, um modelo de maturidade baseado no 70-20-10, integrado à gestão de metas, indicadores e feedback contínuo.

Reuniões one-on-one, planos de desenvolvimento individual e um conjunto amplo de métricas sustentam uma cultura em que desempenho e aprendizado caminham juntos. Todos os colaboradores com desempenho de destaque são formalmente reconhecidos, reforçando comportamentos desejados. A automação de processos, o uso intensivo de dados (BI, Analytics) e a incorporação progressiva de inteligência artificial elevaram a produtividade dos projetos, reduzindo o tempo real de entrega em relação ao planejado.

Para garantir o uso ético e seguro da IA, a MicroPower criou um manifesto interno, definiu ferramentas autorizadas e estruturou laboratórios de experimentação, envolvendo todas as áreas. Mais do que implementar tecnologia, a empresa se dedicou a preparar pessoas e processos, e leva esse modelo de forma consultiva a seus clientes, apoiando a elevação da maturidade digital.

Pessoas no centro da inovação

Embraer e MicroPower mostram, por caminhos diferentes, um mesmo princípio: a tecnologia só gera valor quando serve às pessoas. Na Embraer, a CloudIA democratiza o acesso a normas complexas e acelera decisões técnicas. Na MicroPower, modelos de maturidade, feedback contínuo e IA aplicada aumentam desempenho e fortalecem o desenvolvimento humano.

No fim, a melhor prática comum é clara: colocar pessoas no centro, usar dados com responsabilidade e tratar a inovação digital como um processo contínuo de aprendizado organizacional.

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