A Nortel é uma
empresa canadense, com 12 anos no Brasil e foi fundada
por Graham Bell em 1895 no Canadá, onde não
existia patente internacional. Patenteou o telefone no
Canadá, constituiu uma empresa e tranferiu-se
para os E.UA., onde obteve a patente internacional e
desenvolveu esse invento. A organização
se tornou o maior conglomerado empresarial canadense,
a Bell Canadá Enterprises, da qual a Nortel é o
braço industrial e tecnológico. Durante
80 anos de sua história foi uma empresa industrial
clássica. Somente nos útimos 30 ou 40 anos é que
a Nortel iniciou um movimento para ser uma empresa prestadora
de serviços, à medida que se foi percebendo
que as soluções fabricadas - os produtos
- cada vez mais se tornavam commodities e o que a Nortel
detinha era, na verdade, um grande conhecimento que foi
colocado a disposição dos clientes em forma
de soluções integradas, de integração
de redes e de redes multimídia.
A Nortel tem uma longa história de investimento em pesquisa
e desenvolvimento, é pioneira em redes digitais. No processo de
globalização está presente em 150 países e
possui 50,000 empregados, um quarto dos quais totalmente dedicados à pesquisa
e desenvolvimento, 42 laboratórios de pesquisa, um deles situado
em Campinas e 35 fábricas, uma delas também em Campinas onde
está radicado o centro de excelência. Está presente
no país desde 1991, com 5 escritórios de apoio ao cliente.
Obteve um faturamento de 1 bilhão de dólares em 2000, ocupando
perto de 1000 colaboradores.
Graças
ao avanço da Internet, da microeletrônica
e do processo de globalização,a Nortel desenvolveu
uma grande capacidade em soluções de
redes eletrônicas de comunicação
principalmente redes multimídia baseadas em
protocolo IP. Tem um grande leque de clientes,constituído
pelas grandes operadoras mundiais de telefonia e
telecomunicação, as provedoras locais
de Internet, assim como redes de TV a cabo. Essas
soluções de telecomunicações
permitem o tráfego de voz , imagem e dados
com a mesma mídia.
A Nortel vinha
enfrentado uma série de desafios para os quais
achou que o e-Learning traria boas soluções.
Em primeiro lugar, tinha um grande número
de empregados, espalhados por 150 países e
territórios, no começo da instauração,
110.000. Existia então a necessidade de padronizar
linguagens, conceitos e ferramentas. Decidiu-se pela
globalização acompanhando os seus clientes
na América do Norte. As grandes companhias
de telecomunicações foram para diversas
partes do mundo e assim também o fez a Nortel,
para poder continuar sendo fornecedora de soluções.
Existia uma necessidade de atualização
constante, devido a que a tecnologia dentro da qual
a Nortel opera tem um ciclo de vida muito curto;
havia um deslocamento constante de força de
trabalho - em 97 chegou-se a ter perto de 500 expatriados
somente no Brasil, tendo como resultado um alto custo
em viagens e estadias, associado ao programa de formação
e desenvolvimento da mão de obra.
O
programa de e-Learning teve como objetivo apoiar
o processo de consolidação da Nortel
como organização global. Existia também
a necessidade de ter processos padronizados e atingir
uma certa escala no processo de implantação
de soluções para os clientes e também
na formação de mão de obra.
Buscava-se, assim mesmo, um aumento de produtividade,
não só pela disponibilização
de ferramentas para os funcionários, como
também pela possibilidade de qualificação
da mão de obra, tudo isto com maior velocidade
para poder atender as necessidades do momento. Aos
poucos a empresa vem se transformando em uma empresa
do conhecimento. Como em uma empresa de consultoria,
são necessárias a atualização
e o compartilhamento das informações
de maneira muito mais rápida do que ocorria
no passado quando o foco era o processo produtivo.
O
conhecimento se encontrava situado em alguns centros,
por exemplo o conhecimento de tecnologia de dados
está baseado no Canadá, no caso de
redes ópticas na Europa- principalmente na
Inglaterra, no caso da telefonia sem fio em Dallas,
nos Estados Unidos. Era necessário então
que se movimentassem os técnicos de um continente
a outro para efetuar o processo de aperfeiçoamento
ou deslocar instrutores, recursos e equipamentos,
reproduzindo uma situação real na sala
de aula. Ao mesmo tempo vislumbrou-se que o e-Learning,
resolvendo esta problemática, traria também
uma melhoria para a vida profissional e pessoal,
já que permitiria maior liberdade de escolher
o melhor horário e o melhor local para atualizar
os conhecimentos.
Até 1998
a Nortel havia construído uma das maiores
redes de Intranet do mundo corporativo, possuindo
hoje mais de 120,000 pontos de conexão nos
cinco continentes: funcionários, fornecedores,
clientes e parceiros interligados. A rede tem mais
de 2 milhões de páginas web. Existe
hoje um grupo-tarefa tentando diminuir este número,
pois diferentemente de alguns anos atrás,
quando o grande dilema era como fazer chegar a informação
ao funcionário, hoje o grande dilema é como
ajudar ao funcionário a selecionar as informações
relevantes.
No
processo de crescimento e globalização
construiu uma verdadeira rede do conhecimento que é composta
pelas diversas organizações de treinamento,
pulverizadas em todas as áreas e divisões
da empresa e em diversos países. Cada uma
dessas organizações desenvolveu, de
acordo com a suas necessidades diversas formas de
entrega de sua ação de treinamento.
Obviamente todos eles têm treinamentos presenciais,
muitos deles oferecem o conteúdo do treinamento
em hard e soft copies. A medida que foi sendo disponibilizado
o treinamento baseado em computadores (CBT), quer
seja em CD Rom ou na web, algumas organizações
o desenvolveram de forma mais sofisticada e outros,
menos. Foram desenvolvidas também ferramentas
de trabalho integradas que formam parte do processo
de aprendizagem. Muito da aprendizagem ocorre não
só através de conteúdos formais
mais através de foros de discussão
de grupos profissionais que se reúnem para
discutir determinados projetos ou soluções.São
utilizadas intensamente ferramentas de áudio-conferência.
Em
1999, a Nortel tomou uma importante decisão
devido ao entendimento de que no processo de globalização
estava se diversificando e perdendo energias com
uma série de funções. Realizava-se
um enorme esforço para administrar a própria
organização. Decidiu então iniciar
um processo de "outsourcing", de terceirização.
Esse processo coincidiu com uma mudança na
natureza do mercado - o produto perdendo cada vez
mais sua margem de lucro, precisando ser produzido
em maior escala - a Nortel optou por terceirizar
a produção. Das 35 atuais fábricas
somente 3 são operadas diretamente pela Nortel.
No caso das funções corporativas, fez-se
um acordo global com a PricewaterhouseCoopers terceirizando-se
10 funções corporativas, começando
pela área de recursos humanos e dentro dela
a área de treinamento, de recrutamento e seleção
e a área de "employee services" (
serviços ao empregado), focando a empresa
no "core business"
O primeiro passo dado pela Price foi o agrupamento de todas as iniciativas
de aprendizagem pulverizadas em toda a organização,
a criação de um único ponto de contato por assunto
e a automação global do gerenciamento do treinamento..
Em menos de 12 meses foi disponibilizado um sistema gerenciador de
aprendizagem - Learning Management System (LMS SABA). Esse sistema
permite o acesso a todo o catálogo de treinamento disponível,
seja este do Saba ou da Nortel. Foram implementadas soluções
mistas (blended solutions): cursos e palestras através de
TV via satélite e complementação por ferramentas
web based.
Devido ao fato de que cada empregado está acostumado a sua própria área,
foi desenvolvida uma solução similar a uma ante-sala, uma
porta de entrada para o grande portal corporativo (global e não
sujeito a customização a nivel regional). Disponibilizou-se
um portal de entrada para América Latina (disponível em
três línguas, português, inglês e espanhol).
Este portal oferece opções tais como liderança,
gerenciamento de talentos dentro da empresa, gerenciamento do desempenho,
produtos e tecnologia, outras ferramentas gerenciais, e-Learning propriamente
dito, calendário, etc. Através de essa ante-sala tem-se
a oportunidade de oferecer algumas recomendações ao funcionário
sobre quais as opções mais adequadas para ele. Além
disso existe uma área de notícias em tempo real, por exemplo,
foi lançado recentemente um currículo de gerenciamento
de projetos através de e-Learning. Uma vez escolhida a opção
e-Learning, tem-se a oportunidade de receber algum tipo de indução
(informações sobre e-Learning do ponto de vista regional)
e se o funcionário desejar saber quais as ofertas de e-Learning, é possível
acessar o gerenciador de LMS da Nortel. Não tem função
de aprendizagem, é apenas um facilitador para a aculturação
do usuário. Se, por exemplo, a pessoa acessar o portal da empresa
poderá encontrar novidades, assim como três currículos
(para o empregado, para o gerente de pessoas e para o gerente de projetos).
Além disso estão disponíveis outras notícias,
possibilidade para se interagir através de fóruns e chats.
Realizou-se
uma grande campanha para tornar o e-Learning familiar:
ofereceu-se a escolha de até três cursos
gratuitamente. Faz-se a inscrição e
se tem até um ano para fazer esses cursos.
Praticamente 100% do pessoal se inscreveu.
Lições aprendidas
No transcorrer da implementação foram aprendidas algumas
lições - a necessidade da mudança cultural não
só da parte do aluno mais também do professor. São
necessários estímulos e portanto se realizam várias
campanhas ("Piloto", "Trials"). Tem de haver uma
política de recompensas/reconhecimento. O lema deve ser "Pense
globalmente e aja localmente."
Expectativas
Espera-se que, em um ano, o e-Learning esteja integrado à rotina
dos funcionários, melhorando assim seu desempenho e produtividade.
Próximos
passos
Na próxima etapa haverá que:
Desenvolver programas de relacionamento com clientes para treinamento
técnico na mesma plataforma;
aumentar a competitividade, melhorando a eficácia na entrega dos
conhecimentos;
alinhar a cultura ,a organização, os processos e a tecnologia;
implementar uma política de responsabilidade do indivíduo
e da organização.
Terão
papéis fundamentais:
-
no setor estratégico:
O líder de gestão de conhecimento;
os líderes de linhas de serviço/ indústrias;
os coordenadores de conteúdo das linhas de serviço/indústrias.
-
no setor operacional:
Os coordenadores de "Delivery";
as áreas de Aprendizado e Educação.
Os
instrumentos disponíveis são :
A validação com os líderes das práticas locais;
a comunicação intensiva;
as áreas de Aprendizado e Educação e Knowledge Center
(bibliotecas);
o suporte e a monitoria de implementação;
a comunicação de reforço.
Conclusões:
Existe de fato um processo de mudança cultural
em andamento para que se possa utilizar efetivamente
não somente o e-Learning, mas também
todo o conjunto de ferramentas eletrônicas a
disposição do funcionário. Não
basta a disponibilização das ferramentas, é necessário
oferecer estímulos, realizar campanhas periodicamente.
Uma das estratégias utilizadas é fazer
pilotos: uma parte dos funcionários tem a oportunidade
de fazer os cursos gratuitamente, de maneira tal que
eles possam dar feedback para o aperfeiçoamento
dos conteúdos ao mesmo tempo em que se efetua
a divulgação, a familiarização
e a aceitação entre os outros funcionários.
Outra iniciativa é o Global Employee Fair, uma
espécie de tour que o empregado pode fazer e
através dele ficar conhecendo tudo o que a empresa
disponibiliza em matéria de educação
e treinamento. Também existe o Trials, no qual
o funcionário pode escolher até três
cursos.Outro aspecto da questão é, que
apesar da Nortel procurar soluções globais,
necessita também pensar localmente, oferecer
oportunidades locais, para não afastar culturalmente
as pessoas da solução. Em menos de um
ano espera-se que o e-Learning esteja totalmente integrado à rotina
e o próximo passo será desenvolver programas
de relacionamento com clientes, usando as mesmas plataformas.
Veja
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Ignacio
Herrero - PwC Consulting |
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Ana
Mc Loughlin - PWC Consulting |
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