Congresso Resumo das Palestras17 de abril
 RESUMO DAS PALESTRAS
Sessão Magna
Sailendra Bhaskar - Aban Informatics

No início de 1998 tive uma experiência que gostaria de compartilhar com vocês. Tive a interessante tarefa de estudar uma peculiaridade. Antes, porém gostaria de dar-lhes algumas informações sobre a alfabetização na Índia.

A Índia tem cerca de 28 estados e uma população de pouco mais de um bilhão de pessoas, o que representa cerca de 16% do total da população mundial. Com todo o desenvolvimento que tem ocorrido na área da educação, ainda temos 46% de pessoas com idade acima de 15 anos que não são alfabetizadas. O que significa que temos uma grande tarefa à frente. Penso ser possível empregar a tecnologia para aumentar o produto final do processo de aprendizagem.

No sudeste da Índia o estado de Carola é um enigma, porque os níveis de alfabetização chegam perto de 100%, ao passo que nos outros estados ficam em torno de 50%.

Leeds um estado comunista que tem uma população muito densa com renda per capita muito baixa, exibe indicadores surpreendentes que mostram mais de 89% de níveis de alfabetização. Porém, este estado tem um problema interessante: quando verificamos os índices de aprovação no ensino médio, descobrimos um fenômeno muito peculiar. Parte dos alunos estavam tendo 70% de aprovação nos exames, enquanto que na zona rural chegava apenas a 40%. O que significa que há um problema na zona rural. Como temos de lidar com isso? Então me pediram para examinar este problema e percorri todo o estado e fizemos algumas descobertas. Tais índices não eram causados por falta de escolas, a densidade de instituições de ensino naquele estado era alta, nenhuma criança precisava se locomover por mais de 1 ou 2 km para ir à escola. Na verdade se tratava de ensino de baixa qualidade.

Os bons professores não ficavam nas vilas, eles simplesmente se mudavam para as cidades onde estão os maiores índices de aprovação. Os melhores professores não ficavam no estado e nem mesmo no próprio país, os profissionais mais competentes estão fora da Índia.

É interessante observar que a Índia tem sido uma grande fornecedora de professores para todo o mundo. Professores para trabalharem em escolas se tornarão um bem de comodity rara no futuro. Teremos cada vez mais problemas em apresentar currículos nas escolas. Estive na Holanda alguns meses atrás, quando me deparei com uma notícia no jornal informando de que haverá redução de carga horária nas escolas simplesmente porque não têm professores suficientes. O mesmo problema existe na Austrália, Inglaterra e nos EUA. Estão tentando importar professores de outras partes do mundo. No entanto existem algumas questões a serem consideradas: diferenças culturais e de currículo. Precisamos de fato encontrar uma forma para apresentarmos currículos sem termos de aumentar o número de professores ou então temos de melhorar a eficiência dos professores atuais. É onde a tecnologia se encaixa.

Falamos a respeito de aumento de instituições de ensino. É quase impossível pensar em uma situação onde aumentamos a infra-estrutura simplesmente para lidarmos com mais e mais alunos. Estamos falando de uma situação onde escolas do ensino fundamental aumentaram de 200 mil para 600 mil em 40 anos. Ao passo que o número de escolas do ensino médio e faculdades quase não cresceu nos últimos 40 anos. Temos realmente um problema quando tentamos aumentar as atividades e os materiais das escolas existentes.

Um outro aspecto do problema é que temos de lidar com outras situações em países em desenvolvimento como o nosso, onde temos muitas crianças que não freqüentam ou desistem da escola. Em 1991 a população escolar era de 170 milhões, mas apenas 97.4 milhões de fato freqüentavam a escola e 41.4 milhões abandonaram os estudos. Isso no ensino fundamental. Se observarmos o ensino médio, verificaremos que é diferente. O quadro mudou em 1978. O número de crianças freqüentando a escola foi de 187 milhões, o que é um número bem acima da população do Brasil. Ainda temos uma alta taxa de abandono que chega a 43 milhões. Como lidamos com isso? Talvez pudéssemos tentar a televisão como mídia, por ser de baixo custo e por existirem muitos aparelhos disponíveis por todo o país. Não seria difícil empregá-la como mídia. Mais ainda assim temos problemas: poderíamos alcançar uma classe com um canal. Em um espectro de 12 classes precisaríamos de 12 aparelhos e 12 canais. As crianças aprenderiam somente que nós nos propuséssemos a ensinar.

Em meados de 1998 percebemos que talvez a internet fosse a melhor forma de lidar com isso. O emprego de vídeo ficaria difícil pela internet, então pensamos em usar apresentações baseadas em animações. Quando estávamos fazendo os estudos, tivemos inspirações para slides, onde e-learning se torna útil para aumentar a proficiência do trabalho. Também existe a vantagem de termos níveis mais altos de atenção quando utilizamos o e-learning. Cerca de 75% do conteúdo apresentado através de e-learning é de fato retido, e 90% se for significativo para quem estiver aprendendo.O custo cai para 1/3 em comparação às estruturas de ensino tradicional.

Então o que fazemos em relação a tudo isso?


Estudamos o objeto com o qual a criança ou o professor mais se identificaria e descobrimos que é com um livro de texto, isso em qualquer lugar do mundo. Se a criança vir seu livro de texto em um lugar que lhe parecer incomum, automaticamente se sentirá atraída. E o professor que vê seu livro de texto com o qual trabalha, automaticamente se sente atraído também. Então pegamos este livro de texto e pensamos: Por quê não o colocamos com animação on-line? Quando assim o fizemos, acrescentamos uma qualidade consideravelmente superior à apresentação do currículo, o professor pode usar aquelas animações onde no texto havia alguma dificuldade de compreensão, o que facilitou o aprendizado da criança.

Pergunta feita por participante:

1) O Brasil tem algumas semelhanças com a Índia no tocante à mudança de cultura para introdução de e-Learning. Como ocorreu a mudança de comportamento na Índia para que as pessoas pudessem aceitar a aprendizagem através de meios eletrônicos, particularmente internet ou intranet?

O uso de e-Learning não é generalizado na Índia. Existem alguns esforços concentrados para espalhar o e-Learning por todo o país. Tanto professores quanto alunos precisam adotar esta tecnologia antes que ela se torne bem sucedida. Existem semelhanças entre os dois países quanto ao perfil da população e no sentido de serem ambas nações em desenvolvimento, porém é necessário ressaltar que existem enormes complexidades na Índia não encontradas no Brasil, como: 60 línguas oficiais, 150 milhões de estudantes, 10 religiões fortes por todo o país.

Algo favorável quanto à introdução do e-Learning em nosso país é que quase todas as pessoas sabem alguma coisa sobre computadores, com exceção dos professores. Temos de treinar os professores para o uso da tecnologia. Eles não falam a respeito de tecnologia em sala, simplesmente porque os alunos sabem mais. Acabam recuando e nós temos de puxá-los e fazê-los entender que precisam usar a tecnologia, entretanto quando se deparam com a necessidade, tornam-se usuários constantes, pois passam a ter motivação para isso.

Nas cidades o uso de computadores está muito presente, porém não se pode afirmar o mesmo sobre os vilarejos.


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